18 dezembro 2006

Jajah oferece chamadas de graça para Alemanha e Austria

Quando alguém em outro ramo de atividade começa a oferecer o seu serviço de graça como forma de promover seu ramo original é hora de ficar preocupado.

Duas companhias alemãs (Pro7Sat1, estação de TV mais popular da Alemanha, e Bild-T Online, o jornal impresso mais lido da Europa), mais News Austria, a empresa de mídia líder na Áustria, anunciaram relações com a inovadora empresa de serviços de VoIP JAJAH.

Qualquer pessoa vivendo na Alemanha ou na Áustria será capaz de fazer ligações telefônicas gratuitas para qualquer lugar em seus respectivos países. Para todos os efeitos, é a eliminação do custo de ligação nacional dentro da Alemanha e da Áustria.

O serviço será suportado por anúncios pagos gerenciados pelas empresas de mídia, o que é o mesmo mecanismo que sempre suportou as iniciativas de mídia on-line e impressas.

É mais um passo para o preço futuro da ligação telefônica: zero.

17 novembro 2006

Surgiu a primeira operadora de celular a abandonar serviço de voz e ficar com foco na conectividade

A operadora 3 Group da Inglaterra organizou uma parceria com Skype, Sling Media, Yahoo, Nokia, Google, eBay, Microsoft, Orb e Sony Ericsson para oferecer a experiência de conectividade do computador pessoal para os terminais de telefonia celular.

Esta operadora pretende iniciar em dezembro a operação comercial de um novo plano mínimo de consumo chamado X-Series. Quem se comprometer, poderá fazer chamadas gratuitas para outros usuários do plano X-Series e também fazer e receber chamadas de voz de PCs através do Skype. O celular poderá ainda usar os serviços SkypeIn e SkypeOut para fazer e receber chamadas internacionais pagando tarifas reduzidas.

Inicialmente os telefones N73 da Nokia e o e Sony Ericsson W950i Walkman serão os primeiros a serem oferecidos pela operadora.

Esta é a primeira operadora de celular a nível mundial a reconhecer que distância e tempo numa ligação telefônica deixarão de ser a fonte de rentabilidade de uma operadora. A utilização de uma taxa fixa mostra que o grande valor que a operadora pode oferecer é a conectividade, e que se deixar o mercado aberto para que os serviços sejam oferecidos por terceiros, como a Google, Skype, etc, a operadora tem chance de se tornar a melhor em conectividade móvel e ver o uso de sua rede explodir.

10 novembro 2006

Fotos da Instalação de FTTH em Amsterdam


James Enck passou alguns links para fotos de instalação de cabeamento de fibra em seu blog, e as mais interessantes são sobre a instalação da nova rede de fibra FTTH que está sendo patrocinada pela cidade de Amsterdam.

James observa que este trabalho é mais simples do que muita gente imagina, o trabalho feito mostrado nas fotos envolveu apenas dois dias: um para cavar, colocar o cabeamento e tapar, e outro para recuperar o pavimento da calçada.

26 outubro 2006

Nokia E60, E61 e E70 surgem no mercado com GSM e Wi-Fi com SIP embutido


Já tinha discutido sobre a expectativa da destruição do negócio de telefonia celular que está se materializando para os próximos anos: o uso do Wi-Fi como alternativa privada de mobilidade na comunicação de voz.

Os primeiros celulares híbridos GSM/Wi-Fi para consumidor final já estão surgindo, como os da Nokia que já possuem pilha SIP interna capaz de estabelecer chamadas IP diretamente sobre a rede Wi-Fi.

Além da Nokia, temos os telefones Wi-Fi como o F1000 da UTStarcom e outros híbridos tipo PDA de diversos fabricantes menores normalmente baseados em WindowsCE como a Paragon.

E já existem os "early adopters" prontos para usar estas novas facilidades a seu favor, configurando o Asterisk para usar estes celulares Nokia.

E então, através do Wi-Fi, veremos a VoIP repetir na rede celular o estrago que foi feito na rede fixa... :-)

Parlamento da Holanda propõe separação da intraestrutura de redes da prestação de serviço

O Parlamento da Holanda votou de forma unânime duas resoluções que induzem a separação do negócio de infraestrutura de rede dos serviços prestados para todos os negócios de comunicações.

O conceito é equivalente ao que foi feito com a British Telecom, onde a empresa foi separada em duas usando o mesmo princípio, entretanto esta é uma resolução para valer em todo o mercado holandês e não apenas para uma empresa.

Na França, o unbundling implementado obriga que as empresas detentoras das redes a oferecerem os acessos para prestadores de serviço terceiros conseguindo estabelecer boa competição sem obrigar o racha da France Telecom. O mesmo está sendo tentado aqui com a resolução 402 da Anatel mas sem sucesso.

O projeto de FTTH de Amsterdam prevê um mecanismo de separação competitiva usando conceitos semelhantes apenas para este projeto de FTTH. Neste caso 3 tipos de empresas existiriam: malha de fibra ótica, tecnologia de rede e roteamento e finalmente os prestadores de serviço para usuário final.

A primeira resolução do parlamento holandês observa que em todo o mundo está acontecendo concentração vertical com o objetivo de monopolização das telecomunicações, e pede a separação do mercado de infraestrutura do mercado de serviços através de um modelo de precificação desta infraestrutura e da proibição do bundling de provimento de rede e serviços.

A segunda resolução implementa o "network neutrality" obrigando o acesso mandatório, aberto e não discriminatório de todas as redes para todos os provedores de serviços.

Quem sabe este conceito acaba sendo copiado aqui no Brasil e o Governo consiga obrigar as empresas a se separarem em negócios separados? Seria uma revolução competitiva no Brasil...

10 outubro 2006

10 Coisas que Eu Odeio em Você

James Enck montou um resumão imperdível da situação das teles ao redor do mundo. O resumo aqui em baixo não faz juz ao artigo, portanto vá ler o original...
  1. As teles perderam o controle de seu produto principal;
  2. Voz se tornou uma facilidade, não mais um serviço;
  3. Teles não conseguem entender que os clientes estão querendo algo diferente do que estão oferecendo;
  4. Teles existem para tirar valor de um produto excasso, mas o futuro reserva abundância de banda e conectividade;
  5. Cultura de controle e comando morreu, APIs abertas serão determinantes;
  6. DNA das teles é fundamentalmente incapaz de lidar com a corrente dinâmica dos conteúdos;
  7. Teles expandem territorialmente, não por nichos virtuais;
  8. Teles não conseguem inovar;
  9. Teles não deveriam tentar inovar;
  10. A fundação de tudo pode estar errada.

06 outubro 2006

Compartilhamento de Infraestrutura de Celular

A Futurecom este ano foi bastante interessante, onde as discussões foram mais na direção de ajudar o Brasil a se tornar mais justo e competitivo no mundo, em vez das choradeiras do ano passado sobre a rentabilidade dos negócios de telecom.

O presidente da Vivo propôs a criação de uma empresa de capital aberto única para administrar a infraestrutura das redes de celular de todas as operadoras, de forma que todas as operadoras passariam a ser operadoras virtuais, tipo MVNO.

É uma idéia ótima para a Vivo, considerando que ela está querendo implementar uma rede GSM sobre sua rede CDMA para conseguir manter a competitividade no mercado brasileiro, e desta forma seu investimento necessário seria minimizado.

Obviamente os concorrentes se defenderam e disseram que o compartilhamento seria apenas viável aonde eles ainda não investiram ainda, como redes 3G. Qual o sentido para eles de nivelar a competição enquanto eles estão na frente?

E aí, surge o conselheiro da Anatel e pega a idéia e sugere como uma forma de levar o 3G como ferramenta de universalização da banda larga no território nacional.

Será que é uma boa idéia?

Será que se amarrar no W-CDMA (tecnologia proposta) agora é a coisa mais inteligente? Ou será que o WiMax ou o WiFi Mesh pode acabar sendo a forma mais econômica, ou o 4G chega 2 anos depois tornando o 3G obsoleto rapidamente (tipo celulares analógicos e TDMA)?

O subsecretário do Ministério do Planejamento apresentou uma idéia muito mais razoável, propondo o uso dos prédios públicos do estado como pontas de lança do acesso da conectividade às comunidades remotas do país, abrindo espaço para que pequenas empresas ou associações resolvam a última milha se utilizando desta estrutura.

02 outubro 2006

Tim lança o TIM Casa para neutralizar o Telefone Único da BrasilTelecom

A Tim, operadora de celular GSM de cobertura nacional, acaba de lançar o serviço Tim Casa.

Este é um serviço pago a parte em pacotes de minutos bem mais em conta mas que só pode ser usado junto a torre de celular próxima a sua residência.

E qual é o objetivo? Competir com as operadoras de telefonia fixa desencorajando o uso do telefone fixo quando você está em sua residência.

O Meio-Bit comentou isso como sendo um ataque frontal a Telemar com o objetivo de provocar o desligamento das linhas fixas, mas acredito que isto não é a principal razão.

Na minha opinião, a principal razão é neutralizar a ação de operações Fixo-Móvel (FMC), e especificamente o caso da BrasilTelecom, que está oferecendo o Kit Telefone Único onde o celular usa a linha fixa para completar a ligação desde que esteja ao alcance da conexão Bluetooth.

A estratégia competitiva da BrasilTelecom é encorajar a troca da operadora celular Tim para a BrasilTelecom para que fosse possível usar a linha fixa para efetuar as ligações com custo mais baixo.

26 setembro 2006

Jajah oferece software J2ME para celular para discar

A operadora de VoIP Jajah disponibilizou um software que pode revolucionar a cometição nas tarifas de celular.

Hoje ela anunciou um software para ser instalado no seu celular que permite que você inicie chamadas através do mecanismo do Jajah de forma relativamente não intrusiva, e sem precisar ter um computador perto de você.

Você digita um número de telefone que é enviado por GPRS para os servidores do Jajah, e então estes servidores iniciam uma chamada para você e, em seguida, para o número que você pediu, fazendo um papel de telefonista digital.

Os preços para quem usa aqui no Brasil são competitivos, sendo em alguns casos mais baratos que os exigidos pelas operadoras de celular.

Do seu celular para um fixo no Brasil o preço é em torno de R$0,55 por minuto, e para um outro celular do Brasil R$0,80 por minuto. A grande vantagem é quando a ligação é para os EUA e Canadá, algo como R$0,45 por minuto.

O impacto aqui no Brasil não é tão expressivo como nos EUA, onde as chamadas podem ser de R$0,05 ou até de graça em algumas condições.

O curioso é como que o Jajah consegue competir com as operadoras pagando duas terminações de duas ligações telefônicas (para você e para o outro número). Dá para ver que ainda existe muito espaço para que os preços das ligações de celular caiam.

Atualização: Alec Sanders fez uma análise interessante sobre a rentabilidade do Jajah e seu impacto na telefonia celular ao redor do mundo.

21 setembro 2006

Broadband por Ethernet UTP?

Estamos discutindo sobre disponibilização de broadband por DSL, fibra, WiFi, Wi-Max, EDGE, W-CDMA mas ninguém lembra da forma mais barata de distribuição de conectividade existente: a própria ethernet com cabeamento UTP.

James Seng comenta em seu blog sobre a experiência na Bulgária, onde centenas de pequenos ISP disponibilizam conectividade de 100Mbps a 1Gbps por preços na ordem de $20 dólares.

Como a tecnologia ethernet UTP não permite distâncias superiores a algumas centenas de metros, switches ethernet são colocados como repetidores. A alimentação destas swiches é feita através do próprio cabeamento.

E então? Será que algum empreendedor brasileiro não teria interesse de oferecer conectividade de última milha com esta tecnologia barata?

13 setembro 2006

Paris terá 50Mbps simétrico por 35 dólares ao mês

Já tinha comentado antes sobre como iniciativas governamentais de estímulo a competição e facilitação do uso dos espaços públicos para a instalação de fibra estão revolucionando o broadband na França.

Agora, devido a estes estímulos a competição, Iliad anunciou acesso de 50Mbps simétrico por $29 ,95 euros ao mês para a região de Paris e mais 3 grandes cidades da França através de sua subsidiária Free no início de 2007.

Free tem em torno de 2 milhões de linhas ADSL hoje em dia, e este novo serviço irá oferecer além do acesso a Internet, ligações de graça para telefones fixos na França, HDTV com PVR (gravação e timeshifting em disco rígido) e WiFi através do dispositivo CPE chamado FreeBox.

Este serviço será oferecido por FTTH, ou seja, fibra direto à residência, abandonando de vez a gambiarra que as tecnologias DSL fazem para tentar ultrapassar os limites práticos de banda de um par de fios desenhados para telefonia.

Tanto isso é verdade que o Japão, o país onde o FTTH tem crescido absurdamente, o número de portas ADSL, ADSL2+ e VDSL ativas estão caíndo.

E, para acabar de vez com as lentas operadoras como a France Telecom, a Free, através da Free Fundation, está se comprometendo a oferecer de graça a quem desejar linhas telefônicas regulares, com acesso a Internet de baixa velocidade e acesso a alguns canais abertos. O objetivo desta fundação seria permitir a "inclusão digital" de toda a sociedade.

Com um exemplo como esse, ficamos até envergonhados com a mediocridade das iniciativas brasileiras de "inclusão digital" e da competição e disseminação do broadband no Brasil.

Nosso modelo está cada vez mais parecido com o modelo americano, onde as agências reguladoras buscam apenas preservar a rentabilidade das operadoras com o argumento do respeito aos contratos mal feitos, destruíndo as possibilidades de competição quando vende licenças de frequências por 15 anos para uso por WiMax apenas para quem paga o preço mais alto ao governo, em vez de se utilizar da sua prerrogativa de incentivar a competição e disseminação de serviços baratos de conectividade a sociedade.

Coisas simples como a obrigação de oferecer os serviços de conectividade de última milha no atacado para outras operadoras de quem obtém os direitos de acesso (WiFi, WiMax, FTTH, ou até mesmo ADSL) nunca são levados em conta.

A revolução do broadband na França nasceu exatamente quando na obrigação a France Telecom de oferecer os pares de fios já existentes por preços razoáveis para operadoras competitivas como a Free.

Atualização: critiquei as agências reguladoras por ignorar o incentivo a competição, quando na realidade estava criticando o conjunto MiniCom, CADE, Anatel e até o Governo.

Existem algumas iniciativas da Anatel que tentam construir alguma competitividade, como a resolução 402 que tenta obrigar as empresas de telecom com poder significativo de mercado (PSM) a prover um mecanismo de última milha no atacado a empresas competidoras, e também a proibição da participação das teles na licitação da banda do Wi-Max, mas como podemos ver são esforços tímidos e ainda assim inviabilizados pelo governo e pelas teles.

22 agosto 2006

Rede VDSL da Deutsche Telekom está sendo aberta pelos reguladores

A separação da camada física do acesso (fibra, ADSL, VDSL, etc) e a camada de rede (switched ethernet, TCP/IP, etc.) é uma questão básica para o desenvolvimento da competição saudável no broadband.

Só que todas as operadoras convencionais hoje (e recentemente de TV a cabo também) estão tentando levar seus quase-monopólios de acesso (par de fios) e centrais telefônicas para quase-monopólios no negócio de dados.

O argumento é básico: eles desejam preservar a rentabilidade que o negócio de telecomunicações tinha do passado e que está sendo corroído pelo evolução das tecnologias.

O papel do regulador é importante para preservar esta competição. O Brasil levou quase 50 anos para, através da estatização, regular o processo de instalação de energia elétrica no país.

Um exemplo interessante aconteceu agora na Alemanha: reguladores alemãos e europeus concordaram que o quase-monopólio da Deutsche Telekom exige que sua rede de fibra e VDSL seja oferecida para terceiros a preços razoáveis.

Com isso, o regulador numa canetada transformou o transporte de bits em fibra e VDSL em utility na Alemanha.

21 agosto 2006

Quão barato pode ser o broadband?

James Enck está comentando sobre os preços da rede aberta FTTH de Rotterdam que será lançada em breve. (link para MiniWireless sobre o mesmo assunto)

Os preços são incríveis: até $5,40 euros pelo acesso local em fibra e até $7 euros para o provedor SurfNet disponibilizar conectividade a 30Mbps! Em reais totalizaria uns R$35 para um serviço de 30Mbps.

Análise de custos da GoogleFi em Montain View

TelcoTrash fez uma análise interessante estimando os custos de implantação da rede Mesh Wi-Fi em Montain View.

A conclusão dele é que o custo de instalação ficou quase um terço menor que a instalação de ADSL:
So Google is spending US$83,500 per square-mile and US$33 per household passed (for your reference, DSL and cable are usually in the US$80-90 range...), and if we assume that each person in each household is connected and can enjoy the maximally possible 1 Mbit/s, then the Capex per usable Mbit of bandwidth is US$14.31, whereas Cable and DSL would be in the US$40 range.

17 agosto 2006

GoogleFi em Montain View, Wi-Fi de graça

Nesta quarta-feira, a Google inaugurou sua rede "mesh" metropolitana na sua cidade natal de Montain View. Esta rede está sendo oferecida aos 72 mil habitantes totalmente de graça, e envolveu investimentos de 1 milhão de dólares para a Google instalar 380 nós "mesh" da Tropos. (link da INFO).

No artigo da Folha, um diretor da Google comenta sobre a razão de oferecer este serviço de graça a população de Montain View:
Chris Sacca, diretor de iniciativas especiais do Google, disse que o principal propósito do apoio de sua empresa ao acesso WiFi local é abrir caminho para os empresários da banda larga e superar obstáculos legais impostos por operadoras de telefonia e TV a cabo estabelecidas.

"Queremos inspirar a criação de redes como essa", disse Sacca sobre os esforços do Google para apoiar os mais de 300 provedores de acesso à Internet e fabricantes de equipamento para redes que tentam estabelecer redes WiFi municipais de alta velocidade em diversas cidades dos Estados Unidos.

Ou seja, a Google quer incentivar a competição no "Acesso" a Internet, mostrando a viabilidade da operação de serviços disruptivos como Wi-Fi metropolitano e desestabilizar as atuais operadoras de telefonia fixa e móvel e TV a cabo.

Mas a Google não tem planos de atuar em nível nacional, pois acredita que ganha mais dinheiro fazendo o que já faz hoje: busca e propaganda, o que claramente mostra que o "acesso" está se tornando um negócio de baixa rentabilidade, tanto que a Google prefere oferecer de graça em vez de cobrar.

Baixa rentabilidade mas ainda assim interessante para empresas empreendedoras como a MetroFi que está instalando redes metropolitanas em San Jose e Portland.

Imagine agora ter um telefone Wi-Fi (tipo F-1000 ou o Mylo) em Montain View? Compete diretamente com a operação celular, mas oferecendo ligações telefônicas ou de graça ou com preços muito baixos. O Wi-Fi residencial somado ao Wi-Fi metropolitano são capazes de destruir o negócio do celular.

Nó de dois rádios da Tropos para redes Wi-Fi metropolitanas

A Tropos está lançando nós "mesh" de dois rádios com 2,4GHz e 5,8GHz para redes metropolitanas pela primeira vez. Até agora ela só usava um rádio omnidirecional, e agora será possível ter dois rádios omnidirecionais para aumentar a cobertura e a banda da rede "mesh".

A Tropos é atualmente a fornecedora mais barata de equipamentos deste tipo, as concorrentes como a BelAir se especializaram em equipamentos com antenas direcionais que reduzem a interferência, aumenta a distância entre nós e aumenta a banda disponível mas com um custo maior por nó.

A Tropos é a fornecedora da rede Mesh para a GoogleFi.

14 agosto 2006

Sucesso do FTTH comercial na Holanda e suas consequências

Este artigo do MiniWireless comenta sobre os impactos que o sucesso da implantação comercial privada de FTTH em Hillegom. James Enck também.

Lijbrandt Telecom, a companhia que está instalando fibra em Hillegom está reportanto penetração de mais de 70% das casas, com custo estimado de $1200 Euros por residência, o que está tornando o projeto extremamente viável financeiramete.

O outro lado da moeda é que o FTTH pode fornecer TV, telefone e Internet de forma unificada e com potencialidade de aumentar significantemente os serviços sendo oferecidos, enquanto os serviços de TV a cabo "Casema" e de telefonia "KPN" que são baseados em cabos coaxiais e par de fios respectivamente ficaram com os 25% restantes do mercado, inviabilizando financeiramente seus negócios.

FTTH está se mostrando muito poderoso na destruição dos modelos de comunicação, e considerando que a fibra é passiva e aceita evolução na tecnologia de transmissão ótica por mais de 20 anos, o investimento é seguro e protegido do processo de evolução tecnológica.

Agora a grande questão é que como estes investimentos são privados, e esta tecnologia substitui facilmente as tecnologias de TV a cabo e telefonia, Hillegom está mostrando que o processo tenderá a converter os atuais duopólios cabo/telefonia por um monopólio privado baseado em fibra, iniciando por pequenas e médias empresas locais de FTTH e caminhando para uma consolidação de uma empresa de grande porte com atuação regional quando a cobertura aumentar.

Mais cedo ou mais tarde o Estado terá que entrar mais fundo na administração da infraestrutura de comunicação, e este envolvimento acabará ocorrendo em todo o mundo. Comunicação é "infraestrutura", da mesma forma que energia elétrica e água encanada, e sabemos muito bem que a infraestrutura é que potencializa as oportunidades da sociedade.

09 agosto 2006

Comparação de Wi-Fi e WiMax

Wi-Fi Networking News publicou um artigo comentando as diferenças básicas entre as tecnologias Wi-Fi e WiMax com respeito a seu uso e seu impacto no mercado.

Basicamente o artigo comenta que o WiMax é para ser usado em frequências licenciadas e reguladas, onde níveis de potência de rádio superiores e a ausência de conflito no uso das frequências permitirão distâncias maiores e garantias de performance até com SLAs determinados.

Já o Wi-Fi é, no máximo, o melhor esforço de comunicação entre terminais que disputam um espaço comum de frequência de forma razoavelmente organizada, onde as potências são limitadas e o uso não precisa de autorização especial.

Considerando isso, não é possível dizer que o WiMax substituirá o Wi-Fi, mas que provavelmente se complementarão neste curto e médio prazo.

08 agosto 2006

Sony logo venderá seu primeiro telefone WiFi "mylo"

Continuando do tema da destruição do mercado de telefonia celular da semana passada, a Sony logo estará lançando seu terminal WiFi multimídia chamado "mylo" por um preço estimado de $350 dólares.

Com nada menos que Skype, Yahoo Messenger e Google Talk para conversação, fora todos os outros recursos de MP3 player, vídeo player e navegação na Web cuja funcionalidades estão sofridamente entrando nos terminais celulares de hoje.

O Internet Tablet Nokia 770 foi o primeiro terminal WiFi portátil lançado, mas não está tão próximo de um terminal de celular como o "mylo" da Sony. O "mylo" vem com fone e microfone perfeitamente posicionado para ser colocado junto a cabeça, enquanto o Nokia 770 não possui microfone e depende de um fone Bluetooth para fazer ligações Google Talk.

Atualização: Om Malik também está comentando sobre o "mylo".

31 julho 2006

Boston propõe ONG controlando rede metropolitana

Já discuti várias formas de criação, controle e administração das redes metropolitanas que estão pipocando ao redor do mundo.

A maioria envolve ou a contratação de uma operadora através de uma licitação ou a participação de dinheiro da cidade para a construção de uma empresa de rede.

Boston está propondo ainda mais uma alternativa, a criação de uma ONG que licenciasse os direitos de acesso com a prefeitura e revendesse no atacado conectividade de forma não discriminatória e neutra, inclusive para a prefeitura.

A idéia é desarmar a crítica de que o Estado não deve investir em conectividade e competir com entidades privadas...

Telefones WiFi suplantarão os celulares

Saiu um artigo no um artigo no The New York Times anteontem comentando sobre o processo disruptivo dos lançamentos de telefones celulares "dual mode" com acesso a rede WiFi.

Vários blogs ao redor do mundo estão comentando sobre o assunto agora, mas você não pode perder os artigos de Tom Evslin aqui e aqui.

Tom argumenta que em uns cinco anos a indústria de telefonia celular será transformada, sendo que o poder será transferido das operadoras para os fabricantes de terminais.

A ligação móvel ficará barata e independente de distância e de roaming da mesma forma que o VoIP está fazendo com a telefonia fixa.

Várias operadoras terão que falir para que os preços dos serviços caiam para um número realístico, mas o EDGE, GSM e 3G continuarão como última alternativa para usuários em trânsito.

28 julho 2006

Competição na interconexão de operadoras e a ANATEL

Semanas atrás, a ANATEL criou a resolução 438 determinando o fim do "bill and keep parcial" que estava sendo adotado no Brasil desde 2004. Neste conceito, apenas o desequilíbrio de tráfego de interconexão entre operadoras era cobrado da operadora que gerou mais tráfego.

Esta última resolução tem o objetivo de fazer as operadoras fixas pagarem para as operadoras celular o custo de interconexão cheio para celular em todas as ligações. No modelo anterior "bill and keep parcial" as operadoras fixas pagavam apenas o custo cheio nas chamadas de tráfego enviado que ficavam acima do tráfego recebido.

No final das contas é uma transferência de renda das operadoras fixas para celular, renda essa que as operadoras de celular se achavam no direito de ter com base nos conceitos do contrato de concessão.

No final das contas a briga toda é sobre a interconexão, a externalidade que a operadora que recebe a chamada transfere para a operadora e ao usuário que origina a ligação.

Esta externalidade não tem competição, pois não está sobre o controle de quem origina a chamada e não é considerada hoje um fator competitivo para a escolha da operadora de quem recebe a chamada.

Isto é tão verdade que todas as operadoras cobram o máximo permitido pela ANATEL, criando um problemão para ela que é definir este valor máximo (RVU-M). Hoje ela tem que fazer mágica calculando na base nos números de custos provavelmente "fabricados" das operadoras.

Será que o mais inteligente não seria descobrir uma maneira de tornar esta externalidade um ítem de competição? Se for definida pela competição a ANATEL não precisaria ficar tirando coelhos da cartola e provavelmente teríamos preços ainda mais competitivos para as ligações telefônicas.

Que tal obrigar as operadoras a anunciar e cobrar os preços de ligações separando os custos da operadora e da interconexão, permitindo que o usuário originador e receptor possam tomar decisões racionais para redução de custos das ligações?

Redução no número de linhas fixas na Telemar

Continuando no tema da redução de linhas fixas de telefonia do início da semana, a Telemar anunciou também a sua redução.

No artigo anterior comentei que esperava de um a dois anos para que a redução chegasse ao intervalo de 5% e 10%, taxas essas já observadas nos EUA e na Europa, só que a Telemar anunciou redução de 3,3% entre este último trimestre e o trimestre equivalente do ano passado!

26 julho 2006

CDMA está perdendo para GSM em termos de custo por causa dos Royalties

GigaOM está comentando sobre a decisão de algumas operadoras CDMA também passarem a operar em GSM. A razão para este processo parece estar relacionada as exigências de Royalties de patentes da Qualcomm.

Nestas últimas semanas, três operadoras de redes CDMA grandes: China Unicom na China, Reliance na India, e Vivo no Brasil decidiram investir em redes GSM, provavelmente para aumentar o poder de negociação e se desamarrar da dependência de apenas uma empresa.

Nokia recentemente também anunciou que não pretendia mais desenvolver telefones CDMA, por razões relacionadas a este monopólio sobre a tecnologia CDMA e a exigência de expressivos royalties. Bill Plummer da Nokia comentou sobre este assunto:
...Another way would be to acknowledge that this is a highly competitive
market where operators recognize the inherent benefits associated with
open, non-proprietary, globally scalable networks like GSM.

25 julho 2006

Redução no número de linhas fixas na Telefônica

Parece que começou a acontecer a redução do número de linhas fixas nas operadoras de telefonia já neste ano conforme já tinha sido previsto neste blog.

A TI Inside está comentando que houve uma redução de 0,8% no número de linhas fixas entre o primeiro semestre de 2005 e o primeiro semestre de 2006 na planta da Telefônica/Telesp, registrando 12,3 milhões de linhas em serviço.

Se a competitividade do celular e do VoIP continuar a melhorar, e bem provável que em um ou dois anos esta taxa chegue aos números dos países desenvolvidos, se aproximando de 5% a 10% de desligamentos anuais.

24 julho 2006

E se as calçadas nas ruas fossem oferecidas pelas teles?

Interessante analogia de Bob Frankston comparando as calçadas com a conectividade de dados sendo oferecida hoje pelas Teles. O absurdo da situação coloca em termos simples toda a discussão sobre a neutralidade de redes ("Network Neutrality") em voga nos EUA.

No trecho abaixo ele resume toda a situação, mostrando que o governo e as empresas de telefonia estão lutando para preservar pelo tempo que puderem o modelo atual:
He reminded me that this is America and if a TSP makes an investment in
a sidewalk it deserves to be paid back no matter what it costs. This
isn't like today's Russia where companies have to try to compete. It's
1930's depression-era America with its fantasy of a planned economy and
guaranteed returns for the carriers. The purpose of the government and
regulation is to assure the health of the corporations for unlike a
person a corporation has to last forever because change is confusing
and bad.

19 julho 2006

Telco 2.0: como as teles devem se posicionar daqui em diante?

Ótimo artigo de Martin Geddes no Telco 2.0 discutindo sobre como as teles devem olhar para o seu negócio e o que podem fazer.

Martin apresenta mais problemas que soluções no artigo, mostrando que a evolução das aplicações IP que estão em competição plena estão se desenvolvendo muito rapidamente e, em muitos casos, superando em muito as habilidades da rede de telefonia pública existente hoje.

A principal dica do artigo é que as teles devem se organizar horizontalmente para maximizar o valor de cada camada de serviço que hoje executam:
Thus the Telco 2.0 suspicion is that operators have only weak
competence at the content and applications space. Timescales for
deployment are glacial -- and like the glaciers, such efforts are prone
to melt and disappear before their time. It is necessary to specialise
in the horizontal functions you do well. That means realising some of
the same commercial goals of liberating value from payment, billing,
identity, etc., -- but without the baggage of application and hardware
design that defining a full service entails.

10 julho 2006

Jajah hoje liga telefones fixos/móveis pela web

Quase um ano atrás publiquei um artigo comentando sobre o primeiro software de VoIP que estava se posicionando como competidor direto do Skype, o Jajah.

Já naquele artigo comentei que seria difícil criar sombra sobre o Skype, pois não estava oferecendo grandes diferenciais e o Skype já possuia uma quantidade enorme de usuários cadastrados.

E não é que eles mudaram completamente sua estratégia? O software já não está mais disponível no site deles e eles passaram a atuar num mercado inovador e diferente, um verdadeiro Oceano Azul.

Você cadastra o seu usuário, lista seus telefones fixo, celular e de trabalho, adquire créditos e pode a partir daí iniciar ligações de VoIP onde o telefone de origem e de destino são telefones convencionais.

E como funciona? Muito simples: a aplicação no site Jajah liga para seu telefone, você atende, escuta um anúncio de que o telefone destino está sendo chamado. Quando o outro lado atender, a ligação é quase como se feita diretamente, se você descontar que o BINA apresentará números estranhos a você.

Os preços são competitivos, considerando que na realidade duas chamadas são feitas na realidade, e ainda existe o preço promocional zero para ligações de telefone fixo para um grupo pequeno de países, e o Brasil não é um deles, o que é uma pena.

Ligações de fixo para fixo no Brasil custam $0,125 dólares por minuto, o que ainda é caro, mas ligações do Brasil para os EUA custam $0,075 dólares por minuto, o que já é bem competitivo.

Nas últimas semanas tenho recebido bastante visitas a este blog vindas do Google através de pesquisas sobre o Jajah, mais do que qualquer outro tipo de busca.

Não descobri o porquê desta súbita popularidade, mas imagino que seja pela facilidade de fazer ligações para outros países com preços competitivos.

Nobres leitores, por favor comentem...

06 julho 2006

GVT lança ADSL2+ no Brasil, com velocidades de até 10Mbps

A competição para o acesso a Internet volta a esquentar no país, pois a GVT acaba de lançar a tecnologia ADSL2+, mais avançada que a tecnologia ADSL do Speedy e da BrasilTelecom.

A tecnologia ADSL2+ permite velocidades de até 24Mbps de download e 1Mbps de upload, ultrapassando o limite de 8Mbps de download do ADSL convencional. Isto coloca a GVT numa vantagem competitiva em termos de velocidade, que esperamos leve a aumentar a competição neste mercado.

Os preços estão levemente mais baratos que a BrasilTelecom, mas ainda acima dos praticados para velocidades equivalentes do Virtua da NET, entretanto a tecnologia via cabo (DOCSIS) utiliza banda compartilhada no acesso de última milha e o Virtua limita a quantidade de dados por mês em alguns gigabytes de acordo com o plano.

05 julho 2006

Acesso ao broadband, deve ser regulado até que ponto?

Interessante observações no blog Communications sobre propriedade pública ou privada dos meios de acesso ao broadband.

Brough levanta as velocidades de mudança das camadas da conexão broadband:
  • roteadores e switches, TCP/IP ou Ethernet: Lei de Moore ou ainda mais rápido
  • tecnologia de luz para fibra: Lei de Moore ou mais rápido
  • a fibra em si (camada zero): evolução lenta, vida útil acima de 20 anos
  • condutos e postes: evolução muito lenta, vida útil de 20-50 anos (com manutenção)
  • direitos de uso para acesso às pessoas (ligação aérea, subterrânea, etc): limitada, fixa, de propriedade da comunidade.
Com esta análise em mãos, Brough defende que somente a camada zero ("layer 0") se presta a regulação pela comunidade através do processo político. Os elementos acima mudam numa velocidade incompatível com quaisquer mecanismos regulatórios.

Desta maneira, a fibra terminaria num centro de distribuição comunitário e seria acesa pelo provedor de escolha do cliente da fibra, de forma que a competição facilitada protegeria os interesses das pessoas.

Esta instalação de fibra seria regulada e poderia ser feita por uma empresa regulada como as distribuidoras de energia elétrica que existem hoje no país e/ou adquirida pelo próprio usuário da fibra.

Em Amsterdam, o processo de instalação de fibra para seus habitantes separa em três camadas e é bastante semelhante ao que Brough sugere. A camada zero foi licitada por uma empresa, a camada intermediária é um prestador de serviço que gerencia a rede, instala roteadores e fornece conectividade no atacado, e a camada superior são quaisquer prestadores de serviço que podem contratar os serviços no atacado e fornecer individualmente serviços diferenciados aos usuários finais.

No Estado de Utah nos EUA, existe uma organização bancada pelo estado chamada UTOPIA que separa a parte regulada na altura do provimento de conectividade MPLS, sendo acima da camada sugerida por Brough, o que sugere problemas com o avanço da tecnologia ao longo do tempo.

29 junho 2006

Nova tecnologia para distribuição de redes Mesh: ótica

Enquanto todo mundo estava ouvindo falar de cidades sendo cobertas por redes Wi-Fi através de distribuição de sinal por Wi-Fi, Canopy, Wi-Max e fibra, agora aparece mais uma tecnologia genial para a distribuição de conectividade, a luz.

Usando o mesmo conceito de fibra, mas transferindo os dados pelo ar mesmo, a ClearMesh Networks permite distribuição de sinal equivalente a fibra só que transmitindo e recebendo através de emissores e receptores específicos para áreas abertas.

A luz não atravessa paredes e reflexões são muito atenuadas, o que não polui o espectro de rádio mas exige visada direta entre os nós da rede. Pode oferecer bandas superiores com mais segurança de estabilidade na conectividade.

O produto ClearMesh 300 deles pode ser fixado em postes e telhados e possue 3 transceivers de 100Mbps full-duplex e conectividade de rede ethernet, permitindo a ligação de um access point Wi-Fi para o acesso ao usuário final.

Usa luz próxima ao infravermelho, emitida por LEDs e segura para o olho humano, com alcançe de 40 a 250 metros.

22 junho 2006

Como reduzir o custo da ligação de celular?

O deputado Fernando de Fabinho (PFL-BA) criou um projeto de lei que iguala as tarifas de telefonia fixa e móvel, provavelmente com o intuito de reduzir o custo das ligações de celular.

A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática rejeitou nesta quarta-feira (21/6) o projeto de lei:

O relator considerou "louvável" a preocupação do autor, mas observou que os serviços de telefonia fixa e móvel são distintos. "Os custos operacionais das empresas de celulares são mais elevados", comparou. Rocha também avalia que a uniformização das tarifas, em vez de reduzir o preço da telefonia móvel, como pretende o autor, poderia ter efeito inverso, elevando as tarifas do telefone fixo.
Provavelmente a principal razão das ligações de celular aqui no Brasil ainda serem caras é pela falta de competição no preço da terminação de ligação celular.

O valor da terminação é um preço que é pago por quem liga para a operadora celular que detém o celular destino. Logo se vê que este preço não é externado para quem possui o celular, mas para quem liga e que não tem poder de escolher a operadora do celular destino.

Para evitar que o preço se torne abusivo, a ANATEL regula o preço máximo a ser cobrado para a terminação desta ligação telefônica, mas, como era de se supor, se o telefone de origem não for da mesma operadora do telefone destino você pagará o custo de terminação "cheia" embutida no custo da ligação.

A grande maioria dos países adotam o CPP (quem liga paga - Caller Pays), só que não é assim em todos os países, pelo menos uns 14 países (aí incluindo os EUA) implementam o RPP (recebedor da chamada é que paga - Receiving Party Pays).

Nesta situação, o custo de receber a chamada de celular é pago por quem recebe, e se este valor for alto o dono do celular acaba trocando de operadora. Assim a competição para terminação funciona.

Um dos argumentos da adoção do CPP é que aumenta a penetração do celular e é o que as operadoras dizem que viabiliza o celular pré-pago no nosso país. Entretanto esta pode não ser toda a verdade, pois preços de terminação mais competitivos poderiam aumentar a penetração de pré ou pós-pagos.

Brough comenta em seu blog sobre uma pesquisa que atestou irrelevância estatística entre o uso do CPP e do RPP como impactantes na penetração do celular, o que mata o argumento principal do modelo CPP.

Entretanto, Brough termina o artigo comentando que nenhum país do mundo conseguiu mudar de CPP para RPP, e que 31 países mudaram de RPP para CPP. O que mostra que politicamente é difícil de inverter o modelo, provavelmente pelo interesse das operadoras de preservar este modelo de menor concorrência.

Curiosamente RPP é exatamente o modelo adotado na Internet. Quando eu mando um e-mail, eu pago uma mixaria para o meu provedor e quem recebe também paga uma mixaria para o provedor dele para receber.

Da mesma forma as ligações telefônicas VoIP ponta a ponta acabam tendo o mesmo tipo de cobrança. De certa forma a adoção de tecnologia VoIP não é o principal problema das operadoras, e sim a impossibilidade de se proteger de competição que ela provoca.

19 junho 2006

Motorola anuncia produto mesh Wi-Fi com um ou dois rádios

Motorola aprendeu que sua solução Canopy não estava atendendo completamente o mercado pois não permitia a pulverização de forma barata da conectividade.

Esta lição veio dos contratos ganhos pela EarthLink para distribuição de conectividade em cidades como Anaheim (California), New Orleans, Philadelphia e San Francisco, onde a Motorola, apesar de ser integradora principal, precisava de produtos mesh da Tropos de um rádio para ser competitiva da cobertura de sinal nas cidades.

Nesta segunda, a Motorola anunciou o produto HotZone Duo mesh Wi-Fi de um ou dois rádios para completar sua carteira de produtos e acabar com a necessidade da Tropos.

Competição é bom, mas é preocupante que a Motorola consiga verticalizar o provimento de conectividade mesh e prejudicar os players de menor porte.

Siemens e Nokia estão se fundindo

As áreas forcecedoras de soluções de comunicação da Siemens e da Nokia, que somadas faturam 16 bilhões de euros e com 60 mil empregados, irão se tornar uma empresa só.

O processo de transformação de Telecom em TI estão transformando os modelos de negócios e a força principal é o uso do IP como fatiador horizontal da cadeia de valor.

Esta é a terceira fusão em andamento, seguindo o exemplo da fusão da Ericsson com Marconi e Alcatel com Lucent. A pergunta que fica é porque estas empresas acham que concentração de fornecedores e economias de escala serão suficientes para preservar o modelo de negócio que está sendo destruída pela tecnologia IP.

Se você for ler o anúncio oficial, o foco principal da ação é a redução de custo, cortando 10% a 15% da força de trabalho e redução do gasto conjunto em pesquisa e desenvolvimento, o que não parece ser uma estratégia de longo prazo adequada...

14 junho 2006

Comoditização da conectividade não é o fim do mundo

O novo blog Telco 2.0 está discutindo sobre a transformação da cadeia de valor que está em curso na área das "tele" comunicações.

A transformação do negócio das atuais operadoras em serviços horizontais comoditizados não é o fim do mundo, e estas empresas não precisam lutar tanto tentando preservar a estrutura vertical de hoje. Esta estrutura vertical vai ser destruida mais cedo ou mais tarde de qualquer maneira.

Não é porque o produto é commodity que será impossível de se diferenciar no mercado. O blog exemplifica usando o caso de um bolo "Sponge" de supermercado, onde a Tesco se diferenciou na embalagem e conseguiu crescimento na margem do produto.

09 junho 2006

British Telecom também joga a toalha sobre serviços agregados a telefonia

Seguindo a mesma linha apresentada pela France Telecom, a British Telecom também está convidando as empresas inovadoras agregarem funcionalidades sobre o serviço comoditizado de telefonia que a empresa está oferecendo.
"This whole thing is based on openness and transparency," says Paul Reynolds, chief executive of BT's wholesale operations. "We want to allow experimentation by application developers."
E tem mais, nesta mesma notícia está sendo apresentado o plano da British Telecom de converter toda sua planta de telefonia comutada por circuito para uma plataforma baseada em IP até 2010.

Este plano chamado de "21CN" (rede do século 21) irá custar 18 bilhões de dólares e desativará todas as centrais telefônicas convencionais em operação na planta da empresa.

Pelo jeito, a previsão que comentei semanas atrás se realizará... :-)

Hong Kong tem agora 1Gbps simétrico por $216 dólares

A Ásia está dando um banho no resto do mundo com respeito a penetração e as velocidades disponíveis para acesso a rede mundial. Já tinha falado da Coréia, e agora Brough está comentando sobre os avanços em Hong Kong.

City Telecom é uma empresa de telefonia de Hong Kong fundada em 1992, cuja subsidiária Hong Kong Broadband Network Limited está oferendo acesso a Internet de 1 Gbps por $216 dólares, 100 Mbps por $31 dólares e 10 Mbps por $19 dólares.

O método de distribuição deles é fibra até os prédios, e então cabo convencional de cobre Ethernet (Cat 5e) e switches para ligar cada residência dos prédios. É um mecanismo barato e trivial de instalação, cujo custo é algo como $300 dólares por residência, segundo o executivo da empresa.

Muitas pequenas empresas espalhadas pelo Brasil implementam este tipo de conectividade, usando para o acesso ao prédio rádio (WiFi) e, recentemente, fibra. O maior problema destas empresas hoje é conseguir conectividade ao backbone da Internet com preços competitivos, já que este mercado é praticamente monopolizado pelas teles, as mesmas que oferecem conectividade através de ADSL para o usuário final.

Algo terá que acontecer neste país para que os custos de conectividade ao backbone da Internet, algo hoje como R$1.000,00 mensais por Mbps. Se não, ficaremos atrás da Ásia na questão de conectividade, tendo que ver o crescimento do ADSL enquanto o Japão já está desligando algo como 10% das linhas ADSL em favor da fibra.

05 junho 2006

France Telecom oferece voz e dados fixos quase de graça para obter cliente na rede celular

France Telecom, agora unificando todos os serviços e seu marketing no nome Orange, continua antecipando a destruição do valor das operadoras de telefonia de todo o mundo.

Orange acabou de anunciar broadband DSL e ligação nacional ilimitada por algo como $9 dólares para qualquer um que desejar ser um assinante da rede celular, e sem nenhuma expectativa de aumentar expressivamente o valor agregando serviços, esperado que o resto do mercado ajude ela nesta tarefa.

Este é o "Apocalipse do Valor", o que torna de vez o serviço de comunicação a mais nova "utility".

O blog Telecom's Tsunami agora está dizendo que está chegando a hora que a "utility" mais especializada em levar fios para sua casa iniciará a agregar o serviço de comunicação no seu serviço: as empresas de energia elétrica.

As empresas de energia elétrica são especializadas em levar uma commodity para sua casa (a energia) já a muito tempo, e oferecer acesso de comunicação já comoditizado pelas operadoras será trivial.

Mas operadoras de energia elétrica são muito reguladas no mundo todo, quanto tempo será necessário para esta mudança aconteça?

01 junho 2006

Telefonia comutada não fará mais sentido em 2010 nos países desenvolvidos

Alec Saunders está comentando sobre algumas previsões feitas sobre o faturamento dos negócios de comunicações para os próximos anos.

A previsão interessante é que em 2010, a rede de telefonia pública comutada não será mais a principal fonte de renda das operadoras de comunicação, e que se o dado se tornar a atividade mais rentável fará mais sentido utilizar a plataforma de dados para transportar a voz.

Conforme os dados de faturamento da Telus mostram no gráfico do artigo, em geral o celular está se tornando a maior fonte de renda das operadoras nos dias de hoje, mas já se percebe o crescimento expressivo dos serviços de dados e o aumento da competição no celular que reduzirá os preços, e consequentemente, o faturamento.

Então está aí, as operadoras devem aproveitar esta janela de 4 a 5 anos para aproveitar a rentabilidade das operações de celular, e se preparar para começar a desligar as centrais convencionais fixas nestes próximos anos... :-)

31 maio 2006

Chicago tentará WiFi na cidade requisitando investimento totalmente privado

A cidade de Chicago emitiu um "draft RFP" requisitando instalação de rede sem fio em toda a cidade.

O interessante deste pedido é que a cidade não se compromete a pagar nada, oferece o direito de uso dos postes mas exige Internet de graça em todas as áreas públicas, incluindo parques e escolas.

Além disso, acesso básico deve ser oferecido para a população em geral por custo baixo ou de graça, e a maior parte do negócio deverá ser rentabilizado através de serviços de 1Mbps fixo, nômade e móvel.

France Telecom é a primeira a jogar a toalha sobre serviços agregados à telefonia

Muito interessante o que o diretor de pesquisas Norman Lewis da France Telecom falou na conferência eTel (O'Reilly Emerging Telephony).

Basicamente a France Telecom está assumindo que é incapaz de competir com toda a inovação nas comunicações que a Internet está proporcionando em escala mundial.

Começa contanto toda uma história triste sobre o estado das operadoras de telefonia na Europa (que também vale para o mundo), a situação financeira das mesmas, e depois discute sobre as pequenas inovações que as operadoras tentam fazer.

O exemplo interessante que ele levantou foi o WAP, a Internet móvel que todo mundo gostaria de usar, e que no final foi suplantada como negócio pelo SMS devido ao real interesse dos usuários.

Depois de considerar estas inovações medíocres, ele reconheceu que tudo está mudando pela Internet e que a voz será apenas um elemento adicional das aplicações que virão.

Então ele anunciou APIs para as plataformas integradas de comunicação da France Telecom e suplicou que os desenvolvedores presentes na feira tentem agregar os mecanismos de autorização, identidade e comunicação de voz nas suas futuras aplicações.

APIs estas que permitirão empresas como a Iotum e a SalesForce, apenas para sitar algumas, realmente possam completar suas aplicações que gerarão valor para o cliente.

No final das contas alguma coisa da tecnologia IMS pode acabar servindo para alguma coisa, se as APIs forem abertas para a comunidade em geral agregar valor, as teles poderão ter sua vida facilitada. Mas espero que as coisas não caminhem para isso, pois para abrir as plataformas de telefonia as operadoras não precisariam deste monstro que é o IMS.

Obs: mais comentários interessantes sobre esta apresentação no Telecom's Tsunami.

10 maio 2006

Transações eletrônicas sobre o meio de comunicação

eBay apresentou numa conferência para analistas financeiros o roadmap do Skype, onde a grande novidade é a integração no softfone da capacidade de enviar e receber dinheiro via PayPal no ambiente integrado de comunicação do Skype.

Você já fez transações no MercadoLivre aqui no Brasil? O principal problema que existe na relação comercial é a negociação sobre como enviar o dinheiro para a contra-parte. Este processo além de ser complicado ainda envolve de 1 a 3 dias dependendo se o pagamento será feito por transferência eletrônica ou boleto bancário.

Agora imagine ser capaz de simplesmente clicar num ícone tipo "SkypeMe" para abrir o Skype e clicar "Enviar Dinheiro" e, após isso, imediatamente o fornecedor avisa que já está embalando o produto?

Como o eBay já tinha falado, voz é apenas uma parte do processo. Se o seu custo comoditiza, a maior parte do valor da transação ficará com as outras partes do mecanismo da negociação (eBay/MercadoLivre por exemplo).

Como será a interface de discagem do telefone daqui para a frente?

Hoje, quando você quer ligar para alguém de um telefone fixo, você é obrigado a discar uma sequência de dígitos obtida:
  • da sua memória;
  • de alguma agenda escrita;
  • da Web;
  • do serviço de auxílio a lista;
  • ou, o que já está ficando normal, da agenda do seu celular.
No caso do celular, a maior parte do tempo você deve estar usando a agenda interna, e a discagem por voz quando seu celular permitir.

No caso dos softfones IP como Skype você deve estar fazendo praticamente da mesma maneira que o celular, mas com a facilidade de que o endereço dos seus contatos Skype são alfanuméricos em vez de só numéricos. Em alguns casos você já deve estar usando aqueles ícones SkypeMe de algumas páginas na Web que facilitam ainda mais a discagem. Também já existem extensões para discagem por voz para o Skype.

E qual vai ser o futuro da discagem?

Antigamente seu universo de contatos se restringia basicamente a sua cidade, o que limitava o número de dígitos a serem discados. Entretanto isto está mudando, nosso universo de contatos está rapidamente se tornando mundial, reflexo em grande parte da presença global de tudo que está na Web.

Também ninguém mais está conseguindo lidar com o mar de números de telefone. Além disso, devido ao passo acelerado das mudanças nos negócios, como fusões, falências, mudanças e reestruturações, e também devido ao nosso interesse de troca de operadoras para conseguir melhores preços nos serviços de telefonia, os números estão deixando de ser úteis rapidamente.

E agora a comunicação entre pessoas está usando outras mídias: no passado ou eram cartas ou eram ligações telefônicas pelo fixo, hoje em dia pode ser e-mail, mensagens instantâneas, Skype, telefone fixo e celular, cada um com uma maneira diferente de "discar".

Estamos num processo de transição, onde a tecnologia ainda vai ter que construir a "interface de discagem" universal que estamos esperando.

O anacrônico modo de discagem por teclas numéricas com certeza aos poucos será abandonado, mas as agendas tipo de celular e a discagem por voz estão se consolidando e melhorando. É bem provável que logo veremos interfaces unificadas por navegação e voz para múltiplas mídias.

Será este o futuro?

08 maio 2006

Divergência além de convergência...

Convergência é a palavra da moda nos últimos cinco anos, onde tudo está indicando que IP transportará tudo, seja voz, vídeo, texto, dados, etc. e também sobre tudo, seja fio, fibra, ou ondas de rádio.

Agora o que você me diz dos dispositivos que você adquire para acessar este universo? Será que estará unificado num celular que acessa Internet, toca MP3 e tira fotos e filma?

Não é o que está acontecendo. Se a Coréia é alguma referência de futuro da comunicação broadband, você pode esperar que vamos continuar adquirindo poderosos telefones, poderosos MP3 players, poderosas câmeras digitais e poderosos computadores para acesso a Internet.

04 maio 2006

Desligamento anual de 7% das linhas telefônicas fixas nos EUA

Alec Saunders comenta o processo de desligamento das linhas telefônicas fixas nos EUA. A queda atualmente está em torno de 7%, o que representa 8,5 milhões de linhas desligadas entre as maiores operadoras dos EUA: Bellsouth, AT&T e Verizon.

Já tinha comentado sobre isso no ano passado, mostrando que esta taxa de desligamento continua ainda na mesma ordem, o que já é um alento... :-)

O interessante que este processo de desligamento ainda não se iniciou no Brasil, mas que deverá logo iniciar, principalmente depois dos aumentos das assinaturas básicas durante o ano de 2005.

Alec ainda observa que as operadoras já devem estar considerando o negócio de linha fixa como perdido, sendo só uma questão de tempo para ser engolido pela telefonia IP, pelo cabo e pelo celular.

02 maio 2006

Siemens lança sistema de telefonia SIP P2P

Para atacar o segmento de mercado de pequenas e médias empresas, a Siemens está lançando uma linha de produtos para telefonia IP que implementa as funcionalidades de telefonia convencional através de um mecanismo P2P sem a necessidade de uma plataforma central de telefonia.

E qual é a grande vantagem? É exatamente evitar a dependência de um equipamento central que pode falhar, é crítico, e geralmente necessita de pessoal especializado para manutenção.

Além disso, é a empresa Siemens que está lançando a tecnologia. O que dá uma credibilidade importante para o SIP P2P.

27 abril 2006

WiMAX pode não conseguir a escala do WiFi

O uso praticamente global da banda de espectro de 2,4GHz para uso de redes sem-fio WiFi foi um grande facilitador para as economias de escala para a fabricação destes equipamentos.

O mesmo tende a não acontecer com o WiMAX, onde as frequências definidas pelo WiMAX Forum de 2,5GHz, 3,5GHz e 5GHz estão colidindo com diversos usos em diversos países atualmente.

Nestas condições, o WiMAX terá dificuldade de competir com o WiFi, apesar das limitações de distância e banda desta última. É possível que nos próximos anos se tornem comuns extensões sobre a WiFi que ofereçam mais banda e mais distância avançando sobre usos que estavam reservados ao WiMAX.

26 abril 2006

Só burrice justifica investimento em IMS pelas operadoras

Martin Geddes mais uma vez apresenta um artigo demonstrando a inviabilidade da preservação da venda integrada de conectividade e serviço. E desta vez publica num blog específico sobre o IMS: o ims-insider.

Ele demonstra que as promessas que o IMS faz dificilmente serão cumpridas:
  1. Novas oportunidades de vendas: analogia interessante seria investir intensivamente num "supermercado específico para proprietários de carros Toyota";
  2. Novos serviços multimídia: mídia está deixando de depender do conceito de "streaming" e virando apenas "download". Como monetarizar o "download" indiferenciado?
  3. Rapidez na criação de novas aplicações: agora me responda, por que a Google estaria preocupada em usar uma plataforma das operadoras para oferecer serviços como GMail ou Google Talk? Somente as operadoras que acabarão implementando os serviços, provavelmente na mesma velocidade que elas implementaram identificador de chamadas, chamada em espera, siga-me, etc;
  4. Proteção de investimento pelo uso de interfaces padronizadas: é até uma boa justificativa, mas quem garante que esta interface padronizada é que será escolhida pelo mercado?
  5. Menor OPEX pelo reuso da plataforma para vários serviços: mas as plataformas de serviços sendo oferecidos hoje já estão pagos, para que trocar para uma estrutura diferente?
  6. Convergência fixo-móvel criando uma experiência unificada: é verdade, mas você não precisa de IMS para isso. Se o terminal de comunicação usar IP a unificação já aconteceu;
  7. Controle da rede para permitir que as operadoras continuem prestadoras de serviço e não apenas prestadoras de conectividade: IMS é tecnologia e não pode forçar o mercado para isso, para forçar o mercado você precisa de poder sobre o mercado. Está claro que conectividade está deixando de ser um bem escasso o suficiente que possa ser a base deste poder.

25 abril 2006

Apenas 1% assistem a TV no celular

O Meio Bit está comentando sobre o fato que 1% apenas dos proprietários de celulares com capacidade de recepção de vídeo usam o recurso, o que confirma a noção geral que o Triple-Play pelo celular não tem futuro.

O celular é um produto para comunicação móvel para facilitar a vida de quem deseja realizar algo, a TV é um produto para entretenimento edonista na residência.

E ainda considerando que você teria que ficar segurando por horas o aparelho para olhar uma tela minúscula, é difícil imaginar uma conciliação.

17 abril 2006

ABC fornecerá conteúdo diretamente na Internet aos usuários

Interessante o processo de mudança que está acontecendo no momento que o vídeo virou a bola da vez na distribuição de conteúdo na Internet.

Textos, e-mails e até livros acabaram sendo intermediados pelos portais da Google, Yahoo e Amazon.

As músicas (MP3 e WMA) passaram por um processo conturbado através do Napster, Kazaa, e afins, até caminhar para o processo legalizado do iTunes da Apple e seu iPod. A intermediação acabou sendo feita pela Apple entre as gravadoras e o usuário final.

Para o vídeo, vários portas se posicionaram para a intermediação do conteúdo das grandes geradoras de conteúdo para televisão. Veja por exemplo o mecanismo de comércio de vídeo do Google: http://video.google.com

Mas parece que não vai acontecer desta maneira, pois a rede de televisão ABC (propriedade da Disney: "Alias", "Lost", etc..) está desenvolvendo um mecanismo diferente. Está disponibilizando conteúdo diretamente na Internet a partir do seu portal.

Robert Young comenta no blog do Om Malik que a ABC está desintermediando suas afiliadas locais e também os próprios portais da Internet, e poderá mostrar que no final de contas que quem tem o conteúdo é que vence.

13 abril 2006

O natimorto IPTV

IPTV é a tecnologia que permite transmitir TV em tempo real por uma rede IP, possivelmente a Internet. Esta tecnologia faz parte do desenho da estratégia Triple Play (voz, dados e TV) que estão sendo desenvolvidos pelas operadoras fixas para recuperar a relevância delas no mercado e aumentar o valor ofertado ao cliente.

Entretanto esta estratégia pode ser um jogo perdido. As operadoras esperam casar o serviço de IPTV com suas redes através do uso do diferencial do qualidade de serviço (QoS) que não é oferecido na Internet em geral.

Mas se no final de contas o QoS não for necessário? Neste caso qualquer provedor de serviço em qualquer lugar do mundo poderia prover conteúdo pela Internet convencional.

E o que é necessário para que o QoS fique irrelevante? Basicamente duas coisas: a capacidade de store-and-replay (armazenamento do vídeo a frente enquanto é apresentado) nas premissas do usuário e banda de acesso a Internet superior a velocidade de reprodução em tempo real.

Equipamentos de store-and-replay estão ficando comuns, alguns gravadores de DVD já fazem isso. Nos EUA também já existem equipamentos como Tivo e ReplayTV com este fim.

Quando a banda de acesso parece inexorável que só tenderá a aumentar e ter seus custos por unidade de banda reduzidos.

Alguns meses atrás comentei exatamente sobre isso para o caso da TV no celular e também para o caso da discussão da TV digital a ser adotado no Brasil, mostrando que o conceito de streaming e canais de televisão estão com os dias contados.

E Martin Gueddes em seu blog Telepocalypse está elaborando exatamente sobre este futuro, onde ele prevê que mecanismos de reputação serão desenvolvidos para substituir o programador da grade de programas das TVs de hoje em dia. Este mecanismo será necessário para que consigamos selecionar audiovisuais que nos interessem do mar de lixo que provavelmente estará disponível da Internet.

10 abril 2006

Situação da Conectividade Sem Fio no Brasil

Estive na Convenção Latino Americana W2i Cidades Digitais na semana passada para conhecer os avanços no processo de disponibilização de conectividade sem fio aqui no Brasil.

Aqui no Brasil algumas cidades já começaram a instalar tecnologia de redes sem fio para a disponibilização de conectividade para o serviço público e, em alguns casos, também para o público em geral. Ainda não há nenhum caso de redes Mesh, apenas pontos de acesso Wi-Fi, pre-Wi-Max e Canopy.

O caso de Sud Mennucci é o caso mais interessante pelo fato dos pontos de acesso Wi-Fi e a conectividade estar sendo bancado pela prefeitura e pelo fato que está aberta ao público em geral. O prefeito comenta que até gostaria de ter como cobrar mas teria tantos problemas tentando regularizar a situação com a ANATEL que não valeria a pena.

A cidade de Marília teve uma rede Canopy 5,7Ghz instalada para a interligação dos pontos de atendimento da Unimed. A Unimed acabou oferecendo uma parte da banda para o uso das escolas do município.

As outras cidades tiveram suporte de empresas privadas para poder implantar suas redes. Mangaratiba implantou uma parceria público-privada para a instalação de pre-Wi-Max junto com a Intel, sendo a primeira implementação da Intel na América Latina.

Macaé e Ouro Preto também apresentaram seus projetos, usando tecnologias Canopy e pre-Wi-Max respectivamente.

A minha conclusão é que o processo aqui no Brasil ainda está muito no início, onde apenas algumas cidades pequenas e médias estão experimentando a tecnologia para tentar oferecer conectividade onde era muito difícil ter, com uma justificativa ainda muito baseada na inclusão digital.

O processo deve deslanchar mais quando empresas aqui no Brasil começarem a integrar soluções Mesh nacionais, ou da Tropos ou BelAir, com o objetivo claro de oferecer serviço de conectividade melhor que as operadoras estão oferecendo.

O problema é que as cidades estão tentando fazer isso com foco em serviço público e inclusão social basicamente, tentando ficar com a operação da rede. O estímulo das cidades deveria ser facilitar o surgimento de novas operadoras de Wi-Fi que possam facilitar a inclusão através da competição entre as operadoras.

Nos EUA, várias cidades já estão utilizando tecnologias Mesh para uso do serviço público e/ou ofertado para a população mediante uma taxa. No caso de São Francisco, a Google e a Earthlink estão em processo de oferecer para o público em geral 300kbps sem custos bancados por propaganda na navegação do usuário.

O que precisamos mesmo é mais competição na operação de serviço, e não uma briga entre tecnologias para a conquista de um casamento com o orgão público.

06 abril 2006

Bell Canada é a primeira a oferecer VoIP sem equipamento no assinante

A Bell Canada está estreando o conceito que comentei no ano passado, a substituição da central local para ATAs VoIP e o abandono do conceito de comutação TDM.

Por $40 dólares canadenses você muda sua linha telefônica que estava na central local convencional para um ATA VoIP da operadora junto a central local. A grande vantagem é que não há nada a ser feito na casa do assinante, pois a linha telefônica continua operando sob o mesmo princípio.

A diferença é no serviço prestado, o ATA usa uma softswitch para o estabelecimento das chamadas, e por isso pode oferecer uma gama de serviços muito superiores ao que as centrais locais forneciam.

O exemplo mais trivial de diferencial da softswitch é a capacidade de configurar todas as características da linha telefônica como redirecionamento de chamada, consulta a caixa de mensagem, etc., além de permitir verificar on-line o uso da linha, tudo pela WEB.

Segundo este site, 15% das pessoas chamadas nas campanhas de marketing convertem o telefone de terminal de TDM para terminal de VoIP, e 1% a 2% convertem para a opção onde o ATA é instalado na casa do assinante.

03 abril 2006

Alcatel e Lucent vão se fundir

A comoditização das comunicações está transformando a cadeia de valor dos produtos e serviços de comunicação.

Considerando que as operadoras estão tendo que se tornar mais eficientes devido a competição, os próprios fornecedores acabam entrando em dificuldades e não conseguem mais ganhar parte dos premios que vinham dos monopólios de comunicação.

Esta crise dos fornecedores de equipamentos de comunicação está gerando vítimas, e obrigando os mesmos a se posicionarem melhor para poder sobreviver. Este é o caso da fusão anunciada da Alcatel e Lucent.

Estas duas empresas contém carteiras de produtos expressivas mas bastante complementares. A Lucent é mais forte em telefonia fixa, a Alcatel mais forte em inovações óticas e ADSL. Entretanto todas estas tecnologias estão comoditizadas e estas empresas estão com dificuldade para competir nestes mercados.

Segundo Om Malik, a estratégia parece ser a montagem de uma carteira de produtos muito expressiva, tentando posicionar as empresas em fornecimento integrado de soluções fixas, móveis, TV, conectividade, etc. para a venda por exemplo de plataformas IMS para as operadoras.

Resta saber se apostar em produtos de alto valor agregado para operadoras é uma estratégia vencedora, pois as próprias operadoras já tem os seus problemas e estão sendo comoditizadas na cadeia de valor das comunicações.

Tropos Networks acha parceiro no Brasil

A tecnologia Mesh Wi-Fi está sendo utilizada em diversas cidades nos EUA e no mundo para oferecer acesso de última milha para a estrutura governamental da cidade e, em alguns casos, aos habitantes da cidade.

A Tropos é uma das empresas que mais crescem neste mercado e já está desenvolvendo presença aqui no Brasil, o que sinaliza que logo teremos várias cidades aqui no Brasil com cobertura Mesh Wi-Fi.

Nada é melhor que mais competição na conectividade para baratear e disseminar o acesso a Internet...

31 março 2006

Convergência significa um dispositivo apenas para todas as comunicações?

Dean Bubley comenta que esta visão de um dispositivo apenas para ser usado para todas as aplicações como voz, dados, video, etc não deve ser considerado como o objetivo final da convergência.

O processo de convergência que está acontecendo é um processo de comoditização das interfaces de acesso e transporte de dados, onde a rede acaba sendo incapaz de controlar qual dispositivo é usado para o acesso e qual serviço está sendo usado.

Dean comenta que funcionalidade de celular básica de chamadas existem pessoas com mais de um celular, ou porque desejam separar a vida privada da empresa, ou até porque desejam separar identidades pessoais entre diferentes grupos sociais. Com o e-mail isto acontece bastante: Quantas pessoas possuem mais de um endereço de e-mail?

Da mesma forma existem pessoas que usam dispositivos de diferentes características em ambientes diferentes, como um celular com teclado e capacidade de e-mail para uso profissional e outro celular pequeno e chamativo para eventos sociais. É o que é comum fazer com os relógios de pulso, por exemplo.


A conclusão é que o conceito de um dispositivo que faça tudo e que represente uma identidade única para a rede provavelmente não será uma estratégia vencedora para fabricantes e operadoras.

29 março 2006

Conectividade e monopólio natural

No início da semana que vem haverá uma conferência chamada Freedom to Connect 2006 em Washington DC. Será uma conferência com o objetivo de ajudar a definir uma política pública americana para o desenvolvimento do broadband nos EUA.

Brough comenta que o assunto é quente nos EUA, em grande parte devido aos interesses dos monopolistas do mercado de conectividade americano de tentar extrair mais renda do serviço de transporte de bits que está sendo comoditizado e pela inveja da velocidade do crescimento do broadband na Ásia e em alguns países da Europa.

Para poder melhorar a situação, várias forças estão tentando criar o conceito de "Net Neutrality" e tentar colocar isto em lei. "Net Neutrality" é uma forma de obrigar as operadoras monopolistas a transportar os bits de forma uniforme, tentando impedir discriminação de preço para os usuários da Internet com base na aplicação sendo usada.

O principal medo dos defensores do "Net Neutrality" hoje é que as operadoras passem a deteriorar deliberadamente a performance do VoIP e do tráfego dos grandes portais. O objetivo então seria exigir compensação financeira das empresas de VoIP e portais e/ou dos usuários para aumentar a prioridade deste tráfego.

Brougt entretanto defende que a solução para este problema não é a regulação dos monopólios pelo governo, e sim a regulação de uma competição saudável. Na visão dele apenas o uso do acesso físico em frente as nossas casas e empresas é que se caracteriza como sendo um monopólio natural ("layer zero"), e que se este acesso for regulado ou forçado a ter competição, todos os outros elementos necessários para a comunicação poderão ser oferecidos de forma competitiva por diversas empresas.

Isto quer dizer que os elementos fio de cobre, cabo de TV ou fibra não deveriam mais ser administrados por monopólios regulados, e que a propriedade deste elemento passe a ser aberto para qualquer um, em especial deveria ser possível que o usuário da conectividade pudesse ser dono deste elemento.

Tentando traduzir isto para um caso prático, eu deveria então ter a possibilidade de pagar para ter uma fibra (ou um par de fios para ADSL2+) ligando a minha residência aos provedores de Internet ou a algum centro de distribuição de conectividade se assim eu desejasse.

Tendo esta possibilidade, a competição com as operadoras seria muito mais saudável, não?

28 março 2006

Milagre do Broadband na França

Om Malik está comentando sobre o milagre que aconteceu na França relacionado à conectividade broadband.

A França era um dos países com telefonia mais cara da Europa, e devido as políticas adotadas pelos governos, passou a ser praticamente um líder na Europa e no mundo no processo de instalação de ADSL2+ e fibra.

24 março 2006

Usuários desejam experiência integrada, mas não operadoras integradas

Alec Saunders apresenta uma nova visão baseado dos conceitos que já tinha discutido em postagens anteriores. O ponto é que apesar da comunicação estar caminhando para se separar em acesso, diretório e serviços, as atividades de diretório e serviços caminharão para serem globais e integradas.

Isto quer dizer que será inviável para que as operadoras consigam manter jardins murados tentando preservar a cadeia de valor e amarrar as atividades de diretório e serviços por acabarem não se tornando uma experiência integrada.

A plataforma IMS que os fornecedores estão tentando vender para as operadoras tenta montar fronteiras que seguram as atividades de diretório e serviços, e criam protocolos para que alguma integração aconteça entre estas operadoras num nível básico de serviço. Mas será que será suficiente?

22 março 2006

Net e Embratel lançam VoIP sobre o cabo

É o início da primeira operação Triple Play no Brasil. A Net anunciou o serviço de telefonia em conjunto com a embratel e está disponibilizando em São Paulo, Campinas, Santos, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte e Brasília.

A ligação telefônica será feita sobre VoIP através de um ATA, e, segundo os press release deles, terá seu tráfego desviado da rede pública da Internet para uma rede IP própria com o objetivo de melhorar a qualidade das ligações,.

O preço sem impostos é de 24,90 reais e inclui 300 minutos de ligações locais. Ligações de longa distância, para celular ou internacionais também serão debitados da franquia se a operadora utilizada na ligação por 21 (Embratel).

Para quem já é cliente Net/Virtua, o ATA (adaptador) será fornecido em comodato sem custos ao cliente.

Este serviço será a primeira competição viável para atacar a assinatura básica das operadoras de telefonia fixa no Brasil. Hoje as operadoras obtém praticamente metade do seu faturamento em telefonia fixa através da assinatura básica e estavam em uma posição confortável para manter o preço da assinatura num valor alto.

21 março 2006

Fibra é o futuro da comunicação, e ela passará pelo esgoto

O esgoto está se tornando uma ótima opção para a distribuição de fibra ótica nas cidades da Europa, facilitando a instalação sem a necessidade de escavação.

No blog Telecom's Tsuname é apresentado um vídeo muito interessante da KA-TE System AG de uma representação de um robô fabricado por eles instalando fibra dentro dos encanamentos de esgoto.

14 março 2006

Análise do projeto de FTTH de Amsterdam

Muniwireless está comentando sobre uma análise feita pelo ING Bank do projeto de fibra (FTTH) para a cidade de Amsterdam chamado CityNet, já discutido aqui e aqui.

A conclusão apresentada é que o projeto é viável se 40% das casas contratarem o serviço pagando pelo menos 25 euros por conexão por mês. Informações anunciadas sobre o projeto comentam uma expectativa de que 50% das casas irão contratar o serviço e que deverão pagar 50 euros por mês, o que mostra que o projeto é viável.

06 março 2006

AT&T compra BellSouth nos EUA, monopolizando ainda mais o setor

Acabou de ser noticiada que AT&T compra BellSouth por US$ 67 bilhões. Com este movimento, a AT&T reunifica quatro "Baby Bells" separadas a duas décadas atrás, quando o governo americano tentou quebrar o monopólio do setor separando a AT&T em 8 empresas menores.

Estamos vendo a reconstrução do poder de monopólio nas comunicações nos EUA, que com a falta de competição irá, com certeza, significar em preços maiores e atraso tecnológico nos EUA, principalmente nas tecnologias de acesso e transporte de Internet.

Sem falar do fortalecimento do conceito de destruição de rede aberta da Internet. Executivos destas empresas tem indicado que desejam que seus clientes sejam providos de acesso limitado a Internet, tentando criar uma discriminação de preço para os tipos de acesso, de certa forma recriando a "chamada de longa distância", só que na Internet. Com o poder de monopólio, é bem possível que os clientes sejam obrigados a aceitar esta condição.

02 março 2006

Redução de 10% do uso dos telefones fixos no Brasil em 2005

O site Teleco está apresentando alguns relatórios interessantes sobre as mudanças que estão ocorrendo na utilização da planta de telefonia fixa.

A observação principal que o site Teleco faz é a redução dos pulsos e minutos de uso da rede de telefonia fixa. No caso da Telefonica, em 2005 caiu 5% dos pulsos de chamadas locais e de 11% nos minutos de chamadas de longa distância e de telefones celulares. Já a BrasilTelecom teve uma queda de 14% nos pulsos de chamadas locais e 18% em longa distância nacional e de 2% em chamadas para celulares.

O artigo observa que duas são as principais razões desta mudança: a redução do uso da Internet discada devido ao crescimento da banda larga e a migração para o uso do celular.

Outro dado interessante em outro artigo da Teleco é o tamanho da base de assinantes da BrasilTelecom: 9,50 milhões de telefones fixos em operação no final de 2004 e 9,56 milhões de telefones no final de 2005. Ou seja, um aumento de 0,6% na base de assinantes.

No primeiro artigo apresenta também que a BrasilTelecom obtém 25% de sua receita da assinatura básica e 22% do tempo de uso das chamadas telefônicas. Na Telefônica a relação é de 27% e 30%. Ambas conseguiram aumentar algo como 14% nas receitas da assinatura básica via aumento autorizado pela Anatel.

A conclusão que se chega é que as empresas de telefonia fixa estão mantendo o preço da chamada telefônica competitiva com as novas tecnologias (celular e VoIP) e tentando obter a máxima rentabilidade do monopólio virtual do "acesso" que herdaram das antigas estatais via assinatura básica enquanto podem.

Entretanto isto tem um limite e os usuários tentarão achar alternativas. O número de assinantes está estabilizado mas tenderá a cair nos próximos anos, pois os usuários de telefonia no Brasil ainda não estão abandonando totalmente a linha fixa, provavelmente devido à imagem antiga que se tinha de que uma linha telefônica era um bem de valor. Nos EUA e na Europa, reduções de 5% a 10% por ano no número de assinantes já são comuns.

O que acabará acontecendo quando você começar a perceber que está pagando mais pela assinatura que as chamadas telefônicas? No meu caso já faz algum tempo que não tenho consumido os 100 pulsos de franquia... :-)

01 março 2006

IPTV e crescimento da banda larga pela BrT

TI Inside comenta sobre os investimentos futuros da BrasilTelecom. O primeiro ponto observado é a implantação de serviço de IPTV ainda no terceiro trimestre de 2006.

Entretanto esta observação é curiosa: "Estamos procurando um parceiro que esteja disposto a correr os riscos da implantação e compartilhar as receitas do serviço". Considerando que a maior parte das iniciativas de IPTV no mundo deram com os burros n'água, pelo jeito ela está procurando alguém com pouco amor ao dinheiro para correr os riscos e ajudar fidelizar ("segurar") a base de clientes da BrT no ADSL e garantir sua receita.

Outra observação interessante é que 60% dos investimentos que a operadora projeta serão focados na transmissão de dados, pois dado a concorrência parece evidente que será necessário melhorar suas ofertas de acesso à Internet, provavelmente com ADSL2+. Se não, suas expectativas de retorno de R$70,00 por assinante terão que ser revistos.

24 fevereiro 2006

Comoditização da Telecom

Om Malik está comentando sobre o processo de comoditização das plataformas de telecom, onde os equipamentos verticais de roteamento como da Cisco, ou Pabx para voz, estão sofrendo uma concorrência maior.

Ele comenta sobre os impactos do Asterisk para os pabxs, Nagios para as plataformas de gerência de rede como HP OpenView, OpenVPN que compete com soluções de VPN da Cisco, Snort sobre os fabricantes de firewall e a novidade XORP, que implementa um sistema operacional específico para aplicações de roteamento.

A plataforma XORP está sendo utilizada pela startup Vyatta, que está entrando em beta com um roteador baseado em dois processadores Intel com o objetivo de competir no mercado de pequenas e médias empresas com um produto custando quase um quinto de um similar da Cisco.

20 fevereiro 2006

Streaming de Vídeo para Celular terá futuro?

Brough Turner faz uma análise interessante que tem um impacto significativo na nossa discussão sobre a definição brasileira da televisão digital. Nossas discussões aqui no Brasil são muitas vezes tacanhas por tentar analisar o impacto das novas tecnologias com a mentalidade de como os negócios estão estabelecidos hoje.

Então nossa preocupação fica em saber se queremos favorecer as teles ou as empresas de TV (a Globo) no uso do espetro de frequência existente após a transição para a transmissão digital, e com forte preocupação sobre as oportunidades de streaming de vídeo para os terminais móveis, em especial os novos celulares.

O engraçado nesta discussão é que provavelmente estamos caminhando para destruir o modelo de streaming de vídeo, independente de quem faz o streaming. O streaming é necessário na televisão porque a televisão não possui a habilidade de armazenar os dados recebidos, exigindo que quem transmita faça o controle de mandar os dados exatamente na mesma velocidade que o dado é consumido.

Turner diz que este modelo até pode ser usado nesta primeira geração de vídeo digital, mas que está com os dias contados. O armazenamento digital de dados continua a evoluir de uma forma impressionante, enquanto a capacidade de transmitir os dados (o espectro de frequência, por exemplo) continuam gerando limitações significativas em termos de banda, disponibilidade, cobertura e qualidade de serviço, fazendo o custo/benefício de fazer o "streaming" ser pior do que implementar um "store-and-replay" (iniciar o download e apresentar durante o download ou depois).

Turner comenta sobre celulares que já estão disponíveis, como o SB 130, que possui display QVGA (320 x 256) e funcionalidade de armazenamento de vídeo (PVR) de uma hora, mostrando que a tecnologia já está lá. O "streaming" como conhecemos hoje vai ser relegado apenas as apresentações realmente ao vivo.

Chat do GTalk de dentro do GMail

Conforme já tinha noticiado algumas semanas atrás, a Google disponibilizou para quem configurar a interface do GMail em Inglês a habilidade de acompanhar a presença e conversar com seus contatos do GTalk diretamente da Web, sem usar nenhum software de Instant Messaging.

A experiência do uso da interface é boa, mas não é exatamente apropriado para o uso em comunicação instantânea. Entretanto é muito útil no sentido que não há necessidade de nenhum software para ficar disponível para conversas instantâneas e que é possível guardar todas as conversas como se fossem e-mails, permitindo buscas conjuntas de e-mail e chat.

Está ficando claro que o chat, e-mail e possivelmente voz caminharão para a integração total, e que a escolha entre o chat, o e-mail ou chamada de voz será transparente e irá depender dos interesses das partes e suas disponibilidades. A tecnologia para este transporte sobre IP (SMTP, ICQ, Jabber, SIP, etc) tenderá a ser unificada e estará a reboque desta exigência de experiência de uso unificada.

14 fevereiro 2006

O "Mercado" voltará a ser humano

Martin Geddes comenta em seu blog sobre o futuro das relações de comércio. A idéia é que as relações tenderão a ser cada vez mais humanas, complementando as atividades básicas do negócio.

Historicamente as relações comerciais ocorriam no "Mercado", um espaço de socialização onde compradores e vendedores se encontravam e desenvolviam relações humanas saudáveis.

A revolução industrial massificou o processo, e as empresas passaram a ser o principal agente do "Mercado", mas agora praticamente sem espaço físico e sem face humana. O telefone foi um dos facilitadores mais importante para este modo de relação.

Agora com o poder de comunicação da Internet este processo pode mudar, pois os consumidores estão exigindo transparência da relação, e esperando a experiência humana do antigo "Mercado", mesmo que seja sobre a Internet.

Os Blogs são um exemplo claro desta transição. Muitos Blogs hoje são escritos por funcionários de empresas para cumprir a função da relação humana da empresa. Ou seja, os clientes conseguem ver um ser humano (uma face) no outro lado da relação comercial.

Martin apresenta outros exemplos interessantes desta transição para as novas formas de relacionamento do "Mercado". Ele inicia apresentando a "Zopa", que é uma empresa de intermediação de empréstimo de dinheiro, onde seu criador comenta as vantagens de permitir que quem pega emprestado possa enviar mensagens para quem emprestou, e a valorização da relação humana mesmo que seja pelo telefone.

E aí, começa uma futurologia interessante: Martin sugere que em dez anos se o seu banco não estiver na lista de contatos do seu software de Instant Messaging vai provavelmente estar em dificuldades.

Outra idéia interessante é substituir a mensagem dos Call Centers: "Neste instante todos o nossos atendentes estão ocupados, aguarde um instante pois sua ligação é importante para nós." por outra como "Neste instante nossos atendentes estão ocupados. Acesse fone.empresa.com.br para assistir a WebCam do Call Center e acompanhar sua posição na fila."

13 fevereiro 2006

Internet sem fio se oferecido de graça pelas cidades favorece a quem?

Esta é uma pergunta interessante levantada pelo site GreaterDemocracy.org. A pergunta é se as cidades passassem a oferecer acesso a Internet sem medição de consumo a toda a população como já tem acontecido em várias cidades do mundo, quem seria beneficiado? As empresas ou as pessoas?

A resposta é que beneficiaria a todos, oferecendo comunicação sem atrito a todas as pessoas, da mesma forma que a educação pública, as ruas e estradas e a segurança pública beneficiam a todos, empresas e pessoas.
Thus the people should expect the best possible un-metered
communications commons for economic development, education, health,
public safety and government services that their government can provide
them. This is, after all, the proper and reasonable role of a
democratic government for, of, and by we, the people.