16 dezembro 2005

Operatoras tentando criar a "longa distância" na Internet

Já tinha comentado em uma postagem anterior que as operadoras estão tentando empurrar para os consumidores serviços de Internet deliberadamente prejudicados para permitir diferenciação de preço para os consumidores e para os fornecedores de serviço na Internet (Amazon, Yahoo, eBay, Skype, etc).

A idéia que ronda as operadoras é criar uma espécie de ilha de conectividade de alta performance para os clientes e para os serviços prestados pela operadora ou por suas parceiras, e um serviço deliberadamente limitado ou oferecido por preço diferenciado o acesso aos serviços não filiados.

A plataforma IMS foi criada exatamente com este objetivo, que através de mecanismos de QoS (sabotagem?) facilita especialmente o tráfego de interesse destas operadoras, criando "ilhas de conectividade" ou "jardins murados". As operações celular 3G e de integração fixo-móvel futuras prevêem o uso do conteito IMS.

Esta briga está sendo feia, de um lado as operadoras querendo descobrir uma maneira de preservar suas margens absurdas, e do outro lado os grandes prestadores de serviço como Yahoo, Google, Amazon, Vonage, etc. Quem vai ganhar?

Dean Bubley comenta no blog Disruptive Wireless que a visão de Internet controlada pela operadora será difícil de ser implementada. Ele lista alguns problemas que a operadora teria que enfrentar:
  • VPNs escondendo o tráfego, impedindo a filtragem e reordenamento pela operadora;
  • as aplicações Web estão caminhando para serem desestruturadas, possivelmente requisitando dezenas de requisições Web para diferentes lugares para completar uma atividade (não bastaria prejudicar o QoS do IP da Amazon, por exemplo);
  • ter alguém responsável por administrar estes QoS geram um risco legal e contratual que podem envolver clientes e parceiros na área de redes, negócios de dados no atacado, marketing, regulamentação, legal, recursos humanos, grandes contas, etc.;
  • aplicações vão evoluir para contornar as limitações impostas pela rede;
  • operações de manipulação do tráfego no agregado com certeza provocarão impactos não previstos nos negócios de clientes e parceiros.
Eu acrescentaria ainda que com a provável competição da conectividade por fio, cabo, sem fio, etc., as operadoras terão que ter cuidado para não irritar os seus clientes. Afinal de contas, são eles quem escolhem o serviço que querem e que pagam por ele.

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