Já tinha comentado antes sobre como iniciativas governamentais de estímulo a competição e facilitação do uso dos espaços públicos para a instalação de fibra estão revolucionando o broadband na França.
Agora, devido a estes estímulos a competição, Iliad anunciou acesso de 50Mbps simétrico por $29 ,95 euros ao mês para a região de Paris e mais 3 grandes cidades da França através de sua subsidiária Free no início de 2007.
Free tem em torno de 2 milhões de linhas ADSL hoje em dia, e este novo serviço irá oferecer além do acesso a Internet, ligações de graça para telefones fixos na França, HDTV com PVR (gravação e timeshifting em disco rígido) e WiFi através do dispositivo CPE chamado FreeBox.
Este serviço será oferecido por FTTH, ou seja, fibra direto à residência, abandonando de vez a gambiarra que as tecnologias DSL fazem para tentar ultrapassar os limites práticos de banda de um par de fios desenhados para telefonia.
Tanto isso é verdade que o Japão, o país onde o FTTH tem crescido absurdamente, o número de portas ADSL, ADSL2+ e VDSL ativas estão caíndo.
E, para acabar de vez com as lentas operadoras como a France Telecom, a Free, através da Free Fundation, está se comprometendo a oferecer de graça a quem desejar linhas telefônicas regulares, com acesso a Internet de baixa velocidade e acesso a alguns canais abertos. O objetivo desta fundação seria permitir a "inclusão digital" de toda a sociedade.
Com um exemplo como esse, ficamos até envergonhados com a mediocridade das iniciativas brasileiras de "inclusão digital" e da competição e disseminação do broadband no Brasil.
Nosso modelo está cada vez mais parecido com o modelo americano, onde as agências reguladoras buscam apenas preservar a rentabilidade das operadoras com o argumento do respeito aos contratos mal feitos, destruíndo as possibilidades de competição quando vende licenças de frequências por 15 anos para uso por WiMax apenas para quem paga o preço mais alto ao governo, em vez de se utilizar da sua prerrogativa de incentivar a competição e disseminação de serviços baratos de conectividade a sociedade.
Coisas simples como a obrigação de oferecer os serviços de conectividade de última milha no atacado para outras operadoras de quem obtém os direitos de acesso (WiFi, WiMax, FTTH, ou até mesmo ADSL) nunca são levados em conta.
A revolução do broadband na França nasceu exatamente quando na obrigação a France Telecom de oferecer os pares de fios já existentes por preços razoáveis para operadoras competitivas como a Free.
Atualização: critiquei as agências reguladoras por ignorar o incentivo a competição, quando na realidade estava criticando o conjunto MiniCom, CADE, Anatel e até o Governo.
Existem algumas iniciativas da Anatel que tentam construir alguma competitividade, como a resolução 402 que tenta obrigar as empresas de telecom com poder significativo de mercado (PSM) a prover um mecanismo de última milha no atacado a empresas competidoras, e também a proibição da participação das teles na licitação da banda do Wi-Max, mas como podemos ver são esforços tímidos e ainda assim inviabilizados pelo governo e pelas teles.
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