31 março 2006

Convergência significa um dispositivo apenas para todas as comunicações?

Dean Bubley comenta que esta visão de um dispositivo apenas para ser usado para todas as aplicações como voz, dados, video, etc não deve ser considerado como o objetivo final da convergência.

O processo de convergência que está acontecendo é um processo de comoditização das interfaces de acesso e transporte de dados, onde a rede acaba sendo incapaz de controlar qual dispositivo é usado para o acesso e qual serviço está sendo usado.

Dean comenta que funcionalidade de celular básica de chamadas existem pessoas com mais de um celular, ou porque desejam separar a vida privada da empresa, ou até porque desejam separar identidades pessoais entre diferentes grupos sociais. Com o e-mail isto acontece bastante: Quantas pessoas possuem mais de um endereço de e-mail?

Da mesma forma existem pessoas que usam dispositivos de diferentes características em ambientes diferentes, como um celular com teclado e capacidade de e-mail para uso profissional e outro celular pequeno e chamativo para eventos sociais. É o que é comum fazer com os relógios de pulso, por exemplo.


A conclusão é que o conceito de um dispositivo que faça tudo e que represente uma identidade única para a rede provavelmente não será uma estratégia vencedora para fabricantes e operadoras.

29 março 2006

Conectividade e monopólio natural

No início da semana que vem haverá uma conferência chamada Freedom to Connect 2006 em Washington DC. Será uma conferência com o objetivo de ajudar a definir uma política pública americana para o desenvolvimento do broadband nos EUA.

Brough comenta que o assunto é quente nos EUA, em grande parte devido aos interesses dos monopolistas do mercado de conectividade americano de tentar extrair mais renda do serviço de transporte de bits que está sendo comoditizado e pela inveja da velocidade do crescimento do broadband na Ásia e em alguns países da Europa.

Para poder melhorar a situação, várias forças estão tentando criar o conceito de "Net Neutrality" e tentar colocar isto em lei. "Net Neutrality" é uma forma de obrigar as operadoras monopolistas a transportar os bits de forma uniforme, tentando impedir discriminação de preço para os usuários da Internet com base na aplicação sendo usada.

O principal medo dos defensores do "Net Neutrality" hoje é que as operadoras passem a deteriorar deliberadamente a performance do VoIP e do tráfego dos grandes portais. O objetivo então seria exigir compensação financeira das empresas de VoIP e portais e/ou dos usuários para aumentar a prioridade deste tráfego.

Brougt entretanto defende que a solução para este problema não é a regulação dos monopólios pelo governo, e sim a regulação de uma competição saudável. Na visão dele apenas o uso do acesso físico em frente as nossas casas e empresas é que se caracteriza como sendo um monopólio natural ("layer zero"), e que se este acesso for regulado ou forçado a ter competição, todos os outros elementos necessários para a comunicação poderão ser oferecidos de forma competitiva por diversas empresas.

Isto quer dizer que os elementos fio de cobre, cabo de TV ou fibra não deveriam mais ser administrados por monopólios regulados, e que a propriedade deste elemento passe a ser aberto para qualquer um, em especial deveria ser possível que o usuário da conectividade pudesse ser dono deste elemento.

Tentando traduzir isto para um caso prático, eu deveria então ter a possibilidade de pagar para ter uma fibra (ou um par de fios para ADSL2+) ligando a minha residência aos provedores de Internet ou a algum centro de distribuição de conectividade se assim eu desejasse.

Tendo esta possibilidade, a competição com as operadoras seria muito mais saudável, não?

28 março 2006

Milagre do Broadband na França

Om Malik está comentando sobre o milagre que aconteceu na França relacionado à conectividade broadband.

A França era um dos países com telefonia mais cara da Europa, e devido as políticas adotadas pelos governos, passou a ser praticamente um líder na Europa e no mundo no processo de instalação de ADSL2+ e fibra.

24 março 2006

Usuários desejam experiência integrada, mas não operadoras integradas

Alec Saunders apresenta uma nova visão baseado dos conceitos que já tinha discutido em postagens anteriores. O ponto é que apesar da comunicação estar caminhando para se separar em acesso, diretório e serviços, as atividades de diretório e serviços caminharão para serem globais e integradas.

Isto quer dizer que será inviável para que as operadoras consigam manter jardins murados tentando preservar a cadeia de valor e amarrar as atividades de diretório e serviços por acabarem não se tornando uma experiência integrada.

A plataforma IMS que os fornecedores estão tentando vender para as operadoras tenta montar fronteiras que seguram as atividades de diretório e serviços, e criam protocolos para que alguma integração aconteça entre estas operadoras num nível básico de serviço. Mas será que será suficiente?

22 março 2006

Net e Embratel lançam VoIP sobre o cabo

É o início da primeira operação Triple Play no Brasil. A Net anunciou o serviço de telefonia em conjunto com a embratel e está disponibilizando em São Paulo, Campinas, Santos, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte e Brasília.

A ligação telefônica será feita sobre VoIP através de um ATA, e, segundo os press release deles, terá seu tráfego desviado da rede pública da Internet para uma rede IP própria com o objetivo de melhorar a qualidade das ligações,.

O preço sem impostos é de 24,90 reais e inclui 300 minutos de ligações locais. Ligações de longa distância, para celular ou internacionais também serão debitados da franquia se a operadora utilizada na ligação por 21 (Embratel).

Para quem já é cliente Net/Virtua, o ATA (adaptador) será fornecido em comodato sem custos ao cliente.

Este serviço será a primeira competição viável para atacar a assinatura básica das operadoras de telefonia fixa no Brasil. Hoje as operadoras obtém praticamente metade do seu faturamento em telefonia fixa através da assinatura básica e estavam em uma posição confortável para manter o preço da assinatura num valor alto.

21 março 2006

Fibra é o futuro da comunicação, e ela passará pelo esgoto

O esgoto está se tornando uma ótima opção para a distribuição de fibra ótica nas cidades da Europa, facilitando a instalação sem a necessidade de escavação.

No blog Telecom's Tsuname é apresentado um vídeo muito interessante da KA-TE System AG de uma representação de um robô fabricado por eles instalando fibra dentro dos encanamentos de esgoto.

14 março 2006

Análise do projeto de FTTH de Amsterdam

Muniwireless está comentando sobre uma análise feita pelo ING Bank do projeto de fibra (FTTH) para a cidade de Amsterdam chamado CityNet, já discutido aqui e aqui.

A conclusão apresentada é que o projeto é viável se 40% das casas contratarem o serviço pagando pelo menos 25 euros por conexão por mês. Informações anunciadas sobre o projeto comentam uma expectativa de que 50% das casas irão contratar o serviço e que deverão pagar 50 euros por mês, o que mostra que o projeto é viável.

06 março 2006

AT&T compra BellSouth nos EUA, monopolizando ainda mais o setor

Acabou de ser noticiada que AT&T compra BellSouth por US$ 67 bilhões. Com este movimento, a AT&T reunifica quatro "Baby Bells" separadas a duas décadas atrás, quando o governo americano tentou quebrar o monopólio do setor separando a AT&T em 8 empresas menores.

Estamos vendo a reconstrução do poder de monopólio nas comunicações nos EUA, que com a falta de competição irá, com certeza, significar em preços maiores e atraso tecnológico nos EUA, principalmente nas tecnologias de acesso e transporte de Internet.

Sem falar do fortalecimento do conceito de destruição de rede aberta da Internet. Executivos destas empresas tem indicado que desejam que seus clientes sejam providos de acesso limitado a Internet, tentando criar uma discriminação de preço para os tipos de acesso, de certa forma recriando a "chamada de longa distância", só que na Internet. Com o poder de monopólio, é bem possível que os clientes sejam obrigados a aceitar esta condição.

02 março 2006

Redução de 10% do uso dos telefones fixos no Brasil em 2005

O site Teleco está apresentando alguns relatórios interessantes sobre as mudanças que estão ocorrendo na utilização da planta de telefonia fixa.

A observação principal que o site Teleco faz é a redução dos pulsos e minutos de uso da rede de telefonia fixa. No caso da Telefonica, em 2005 caiu 5% dos pulsos de chamadas locais e de 11% nos minutos de chamadas de longa distância e de telefones celulares. Já a BrasilTelecom teve uma queda de 14% nos pulsos de chamadas locais e 18% em longa distância nacional e de 2% em chamadas para celulares.

O artigo observa que duas são as principais razões desta mudança: a redução do uso da Internet discada devido ao crescimento da banda larga e a migração para o uso do celular.

Outro dado interessante em outro artigo da Teleco é o tamanho da base de assinantes da BrasilTelecom: 9,50 milhões de telefones fixos em operação no final de 2004 e 9,56 milhões de telefones no final de 2005. Ou seja, um aumento de 0,6% na base de assinantes.

No primeiro artigo apresenta também que a BrasilTelecom obtém 25% de sua receita da assinatura básica e 22% do tempo de uso das chamadas telefônicas. Na Telefônica a relação é de 27% e 30%. Ambas conseguiram aumentar algo como 14% nas receitas da assinatura básica via aumento autorizado pela Anatel.

A conclusão que se chega é que as empresas de telefonia fixa estão mantendo o preço da chamada telefônica competitiva com as novas tecnologias (celular e VoIP) e tentando obter a máxima rentabilidade do monopólio virtual do "acesso" que herdaram das antigas estatais via assinatura básica enquanto podem.

Entretanto isto tem um limite e os usuários tentarão achar alternativas. O número de assinantes está estabilizado mas tenderá a cair nos próximos anos, pois os usuários de telefonia no Brasil ainda não estão abandonando totalmente a linha fixa, provavelmente devido à imagem antiga que se tinha de que uma linha telefônica era um bem de valor. Nos EUA e na Europa, reduções de 5% a 10% por ano no número de assinantes já são comuns.

O que acabará acontecendo quando você começar a perceber que está pagando mais pela assinatura que as chamadas telefônicas? No meu caso já faz algum tempo que não tenho consumido os 100 pulsos de franquia... :-)

01 março 2006

IPTV e crescimento da banda larga pela BrT

TI Inside comenta sobre os investimentos futuros da BrasilTelecom. O primeiro ponto observado é a implantação de serviço de IPTV ainda no terceiro trimestre de 2006.

Entretanto esta observação é curiosa: "Estamos procurando um parceiro que esteja disposto a correr os riscos da implantação e compartilhar as receitas do serviço". Considerando que a maior parte das iniciativas de IPTV no mundo deram com os burros n'água, pelo jeito ela está procurando alguém com pouco amor ao dinheiro para correr os riscos e ajudar fidelizar ("segurar") a base de clientes da BrT no ADSL e garantir sua receita.

Outra observação interessante é que 60% dos investimentos que a operadora projeta serão focados na transmissão de dados, pois dado a concorrência parece evidente que será necessário melhorar suas ofertas de acesso à Internet, provavelmente com ADSL2+. Se não, suas expectativas de retorno de R$70,00 por assinante terão que ser revistos.