27 abril 2006

WiMAX pode não conseguir a escala do WiFi

O uso praticamente global da banda de espectro de 2,4GHz para uso de redes sem-fio WiFi foi um grande facilitador para as economias de escala para a fabricação destes equipamentos.

O mesmo tende a não acontecer com o WiMAX, onde as frequências definidas pelo WiMAX Forum de 2,5GHz, 3,5GHz e 5GHz estão colidindo com diversos usos em diversos países atualmente.

Nestas condições, o WiMAX terá dificuldade de competir com o WiFi, apesar das limitações de distância e banda desta última. É possível que nos próximos anos se tornem comuns extensões sobre a WiFi que ofereçam mais banda e mais distância avançando sobre usos que estavam reservados ao WiMAX.

26 abril 2006

Só burrice justifica investimento em IMS pelas operadoras

Martin Geddes mais uma vez apresenta um artigo demonstrando a inviabilidade da preservação da venda integrada de conectividade e serviço. E desta vez publica num blog específico sobre o IMS: o ims-insider.

Ele demonstra que as promessas que o IMS faz dificilmente serão cumpridas:
  1. Novas oportunidades de vendas: analogia interessante seria investir intensivamente num "supermercado específico para proprietários de carros Toyota";
  2. Novos serviços multimídia: mídia está deixando de depender do conceito de "streaming" e virando apenas "download". Como monetarizar o "download" indiferenciado?
  3. Rapidez na criação de novas aplicações: agora me responda, por que a Google estaria preocupada em usar uma plataforma das operadoras para oferecer serviços como GMail ou Google Talk? Somente as operadoras que acabarão implementando os serviços, provavelmente na mesma velocidade que elas implementaram identificador de chamadas, chamada em espera, siga-me, etc;
  4. Proteção de investimento pelo uso de interfaces padronizadas: é até uma boa justificativa, mas quem garante que esta interface padronizada é que será escolhida pelo mercado?
  5. Menor OPEX pelo reuso da plataforma para vários serviços: mas as plataformas de serviços sendo oferecidos hoje já estão pagos, para que trocar para uma estrutura diferente?
  6. Convergência fixo-móvel criando uma experiência unificada: é verdade, mas você não precisa de IMS para isso. Se o terminal de comunicação usar IP a unificação já aconteceu;
  7. Controle da rede para permitir que as operadoras continuem prestadoras de serviço e não apenas prestadoras de conectividade: IMS é tecnologia e não pode forçar o mercado para isso, para forçar o mercado você precisa de poder sobre o mercado. Está claro que conectividade está deixando de ser um bem escasso o suficiente que possa ser a base deste poder.

25 abril 2006

Apenas 1% assistem a TV no celular

O Meio Bit está comentando sobre o fato que 1% apenas dos proprietários de celulares com capacidade de recepção de vídeo usam o recurso, o que confirma a noção geral que o Triple-Play pelo celular não tem futuro.

O celular é um produto para comunicação móvel para facilitar a vida de quem deseja realizar algo, a TV é um produto para entretenimento edonista na residência.

E ainda considerando que você teria que ficar segurando por horas o aparelho para olhar uma tela minúscula, é difícil imaginar uma conciliação.

17 abril 2006

ABC fornecerá conteúdo diretamente na Internet aos usuários

Interessante o processo de mudança que está acontecendo no momento que o vídeo virou a bola da vez na distribuição de conteúdo na Internet.

Textos, e-mails e até livros acabaram sendo intermediados pelos portais da Google, Yahoo e Amazon.

As músicas (MP3 e WMA) passaram por um processo conturbado através do Napster, Kazaa, e afins, até caminhar para o processo legalizado do iTunes da Apple e seu iPod. A intermediação acabou sendo feita pela Apple entre as gravadoras e o usuário final.

Para o vídeo, vários portas se posicionaram para a intermediação do conteúdo das grandes geradoras de conteúdo para televisão. Veja por exemplo o mecanismo de comércio de vídeo do Google: http://video.google.com

Mas parece que não vai acontecer desta maneira, pois a rede de televisão ABC (propriedade da Disney: "Alias", "Lost", etc..) está desenvolvendo um mecanismo diferente. Está disponibilizando conteúdo diretamente na Internet a partir do seu portal.

Robert Young comenta no blog do Om Malik que a ABC está desintermediando suas afiliadas locais e também os próprios portais da Internet, e poderá mostrar que no final de contas que quem tem o conteúdo é que vence.

13 abril 2006

O natimorto IPTV

IPTV é a tecnologia que permite transmitir TV em tempo real por uma rede IP, possivelmente a Internet. Esta tecnologia faz parte do desenho da estratégia Triple Play (voz, dados e TV) que estão sendo desenvolvidos pelas operadoras fixas para recuperar a relevância delas no mercado e aumentar o valor ofertado ao cliente.

Entretanto esta estratégia pode ser um jogo perdido. As operadoras esperam casar o serviço de IPTV com suas redes através do uso do diferencial do qualidade de serviço (QoS) que não é oferecido na Internet em geral.

Mas se no final de contas o QoS não for necessário? Neste caso qualquer provedor de serviço em qualquer lugar do mundo poderia prover conteúdo pela Internet convencional.

E o que é necessário para que o QoS fique irrelevante? Basicamente duas coisas: a capacidade de store-and-replay (armazenamento do vídeo a frente enquanto é apresentado) nas premissas do usuário e banda de acesso a Internet superior a velocidade de reprodução em tempo real.

Equipamentos de store-and-replay estão ficando comuns, alguns gravadores de DVD já fazem isso. Nos EUA também já existem equipamentos como Tivo e ReplayTV com este fim.

Quando a banda de acesso parece inexorável que só tenderá a aumentar e ter seus custos por unidade de banda reduzidos.

Alguns meses atrás comentei exatamente sobre isso para o caso da TV no celular e também para o caso da discussão da TV digital a ser adotado no Brasil, mostrando que o conceito de streaming e canais de televisão estão com os dias contados.

E Martin Gueddes em seu blog Telepocalypse está elaborando exatamente sobre este futuro, onde ele prevê que mecanismos de reputação serão desenvolvidos para substituir o programador da grade de programas das TVs de hoje em dia. Este mecanismo será necessário para que consigamos selecionar audiovisuais que nos interessem do mar de lixo que provavelmente estará disponível da Internet.

10 abril 2006

Situação da Conectividade Sem Fio no Brasil

Estive na Convenção Latino Americana W2i Cidades Digitais na semana passada para conhecer os avanços no processo de disponibilização de conectividade sem fio aqui no Brasil.

Aqui no Brasil algumas cidades já começaram a instalar tecnologia de redes sem fio para a disponibilização de conectividade para o serviço público e, em alguns casos, também para o público em geral. Ainda não há nenhum caso de redes Mesh, apenas pontos de acesso Wi-Fi, pre-Wi-Max e Canopy.

O caso de Sud Mennucci é o caso mais interessante pelo fato dos pontos de acesso Wi-Fi e a conectividade estar sendo bancado pela prefeitura e pelo fato que está aberta ao público em geral. O prefeito comenta que até gostaria de ter como cobrar mas teria tantos problemas tentando regularizar a situação com a ANATEL que não valeria a pena.

A cidade de Marília teve uma rede Canopy 5,7Ghz instalada para a interligação dos pontos de atendimento da Unimed. A Unimed acabou oferecendo uma parte da banda para o uso das escolas do município.

As outras cidades tiveram suporte de empresas privadas para poder implantar suas redes. Mangaratiba implantou uma parceria público-privada para a instalação de pre-Wi-Max junto com a Intel, sendo a primeira implementação da Intel na América Latina.

Macaé e Ouro Preto também apresentaram seus projetos, usando tecnologias Canopy e pre-Wi-Max respectivamente.

A minha conclusão é que o processo aqui no Brasil ainda está muito no início, onde apenas algumas cidades pequenas e médias estão experimentando a tecnologia para tentar oferecer conectividade onde era muito difícil ter, com uma justificativa ainda muito baseada na inclusão digital.

O processo deve deslanchar mais quando empresas aqui no Brasil começarem a integrar soluções Mesh nacionais, ou da Tropos ou BelAir, com o objetivo claro de oferecer serviço de conectividade melhor que as operadoras estão oferecendo.

O problema é que as cidades estão tentando fazer isso com foco em serviço público e inclusão social basicamente, tentando ficar com a operação da rede. O estímulo das cidades deveria ser facilitar o surgimento de novas operadoras de Wi-Fi que possam facilitar a inclusão através da competição entre as operadoras.

Nos EUA, várias cidades já estão utilizando tecnologias Mesh para uso do serviço público e/ou ofertado para a população mediante uma taxa. No caso de São Francisco, a Google e a Earthlink estão em processo de oferecer para o público em geral 300kbps sem custos bancados por propaganda na navegação do usuário.

O que precisamos mesmo é mais competição na operação de serviço, e não uma briga entre tecnologias para a conquista de um casamento com o orgão público.

06 abril 2006

Bell Canada é a primeira a oferecer VoIP sem equipamento no assinante

A Bell Canada está estreando o conceito que comentei no ano passado, a substituição da central local para ATAs VoIP e o abandono do conceito de comutação TDM.

Por $40 dólares canadenses você muda sua linha telefônica que estava na central local convencional para um ATA VoIP da operadora junto a central local. A grande vantagem é que não há nada a ser feito na casa do assinante, pois a linha telefônica continua operando sob o mesmo princípio.

A diferença é no serviço prestado, o ATA usa uma softswitch para o estabelecimento das chamadas, e por isso pode oferecer uma gama de serviços muito superiores ao que as centrais locais forneciam.

O exemplo mais trivial de diferencial da softswitch é a capacidade de configurar todas as características da linha telefônica como redirecionamento de chamada, consulta a caixa de mensagem, etc., além de permitir verificar on-line o uso da linha, tudo pela WEB.

Segundo este site, 15% das pessoas chamadas nas campanhas de marketing convertem o telefone de terminal de TDM para terminal de VoIP, e 1% a 2% convertem para a opção onde o ATA é instalado na casa do assinante.

03 abril 2006

Alcatel e Lucent vão se fundir

A comoditização das comunicações está transformando a cadeia de valor dos produtos e serviços de comunicação.

Considerando que as operadoras estão tendo que se tornar mais eficientes devido a competição, os próprios fornecedores acabam entrando em dificuldades e não conseguem mais ganhar parte dos premios que vinham dos monopólios de comunicação.

Esta crise dos fornecedores de equipamentos de comunicação está gerando vítimas, e obrigando os mesmos a se posicionarem melhor para poder sobreviver. Este é o caso da fusão anunciada da Alcatel e Lucent.

Estas duas empresas contém carteiras de produtos expressivas mas bastante complementares. A Lucent é mais forte em telefonia fixa, a Alcatel mais forte em inovações óticas e ADSL. Entretanto todas estas tecnologias estão comoditizadas e estas empresas estão com dificuldade para competir nestes mercados.

Segundo Om Malik, a estratégia parece ser a montagem de uma carteira de produtos muito expressiva, tentando posicionar as empresas em fornecimento integrado de soluções fixas, móveis, TV, conectividade, etc. para a venda por exemplo de plataformas IMS para as operadoras.

Resta saber se apostar em produtos de alto valor agregado para operadoras é uma estratégia vencedora, pois as próprias operadoras já tem os seus problemas e estão sendo comoditizadas na cadeia de valor das comunicações.

Tropos Networks acha parceiro no Brasil

A tecnologia Mesh Wi-Fi está sendo utilizada em diversas cidades nos EUA e no mundo para oferecer acesso de última milha para a estrutura governamental da cidade e, em alguns casos, aos habitantes da cidade.

A Tropos é uma das empresas que mais crescem neste mercado e já está desenvolvendo presença aqui no Brasil, o que sinaliza que logo teremos várias cidades aqui no Brasil com cobertura Mesh Wi-Fi.

Nada é melhor que mais competição na conectividade para baratear e disseminar o acesso a Internet...