31 julho 2006

Boston propõe ONG controlando rede metropolitana

Já discuti várias formas de criação, controle e administração das redes metropolitanas que estão pipocando ao redor do mundo.

A maioria envolve ou a contratação de uma operadora através de uma licitação ou a participação de dinheiro da cidade para a construção de uma empresa de rede.

Boston está propondo ainda mais uma alternativa, a criação de uma ONG que licenciasse os direitos de acesso com a prefeitura e revendesse no atacado conectividade de forma não discriminatória e neutra, inclusive para a prefeitura.

A idéia é desarmar a crítica de que o Estado não deve investir em conectividade e competir com entidades privadas...

Telefones WiFi suplantarão os celulares

Saiu um artigo no um artigo no The New York Times anteontem comentando sobre o processo disruptivo dos lançamentos de telefones celulares "dual mode" com acesso a rede WiFi.

Vários blogs ao redor do mundo estão comentando sobre o assunto agora, mas você não pode perder os artigos de Tom Evslin aqui e aqui.

Tom argumenta que em uns cinco anos a indústria de telefonia celular será transformada, sendo que o poder será transferido das operadoras para os fabricantes de terminais.

A ligação móvel ficará barata e independente de distância e de roaming da mesma forma que o VoIP está fazendo com a telefonia fixa.

Várias operadoras terão que falir para que os preços dos serviços caiam para um número realístico, mas o EDGE, GSM e 3G continuarão como última alternativa para usuários em trânsito.

28 julho 2006

Competição na interconexão de operadoras e a ANATEL

Semanas atrás, a ANATEL criou a resolução 438 determinando o fim do "bill and keep parcial" que estava sendo adotado no Brasil desde 2004. Neste conceito, apenas o desequilíbrio de tráfego de interconexão entre operadoras era cobrado da operadora que gerou mais tráfego.

Esta última resolução tem o objetivo de fazer as operadoras fixas pagarem para as operadoras celular o custo de interconexão cheio para celular em todas as ligações. No modelo anterior "bill and keep parcial" as operadoras fixas pagavam apenas o custo cheio nas chamadas de tráfego enviado que ficavam acima do tráfego recebido.

No final das contas é uma transferência de renda das operadoras fixas para celular, renda essa que as operadoras de celular se achavam no direito de ter com base nos conceitos do contrato de concessão.

No final das contas a briga toda é sobre a interconexão, a externalidade que a operadora que recebe a chamada transfere para a operadora e ao usuário que origina a ligação.

Esta externalidade não tem competição, pois não está sobre o controle de quem origina a chamada e não é considerada hoje um fator competitivo para a escolha da operadora de quem recebe a chamada.

Isto é tão verdade que todas as operadoras cobram o máximo permitido pela ANATEL, criando um problemão para ela que é definir este valor máximo (RVU-M). Hoje ela tem que fazer mágica calculando na base nos números de custos provavelmente "fabricados" das operadoras.

Será que o mais inteligente não seria descobrir uma maneira de tornar esta externalidade um ítem de competição? Se for definida pela competição a ANATEL não precisaria ficar tirando coelhos da cartola e provavelmente teríamos preços ainda mais competitivos para as ligações telefônicas.

Que tal obrigar as operadoras a anunciar e cobrar os preços de ligações separando os custos da operadora e da interconexão, permitindo que o usuário originador e receptor possam tomar decisões racionais para redução de custos das ligações?

Redução no número de linhas fixas na Telemar

Continuando no tema da redução de linhas fixas de telefonia do início da semana, a Telemar anunciou também a sua redução.

No artigo anterior comentei que esperava de um a dois anos para que a redução chegasse ao intervalo de 5% e 10%, taxas essas já observadas nos EUA e na Europa, só que a Telemar anunciou redução de 3,3% entre este último trimestre e o trimestre equivalente do ano passado!

26 julho 2006

CDMA está perdendo para GSM em termos de custo por causa dos Royalties

GigaOM está comentando sobre a decisão de algumas operadoras CDMA também passarem a operar em GSM. A razão para este processo parece estar relacionada as exigências de Royalties de patentes da Qualcomm.

Nestas últimas semanas, três operadoras de redes CDMA grandes: China Unicom na China, Reliance na India, e Vivo no Brasil decidiram investir em redes GSM, provavelmente para aumentar o poder de negociação e se desamarrar da dependência de apenas uma empresa.

Nokia recentemente também anunciou que não pretendia mais desenvolver telefones CDMA, por razões relacionadas a este monopólio sobre a tecnologia CDMA e a exigência de expressivos royalties. Bill Plummer da Nokia comentou sobre este assunto:
...Another way would be to acknowledge that this is a highly competitive
market where operators recognize the inherent benefits associated with
open, non-proprietary, globally scalable networks like GSM.

25 julho 2006

Redução no número de linhas fixas na Telefônica

Parece que começou a acontecer a redução do número de linhas fixas nas operadoras de telefonia já neste ano conforme já tinha sido previsto neste blog.

A TI Inside está comentando que houve uma redução de 0,8% no número de linhas fixas entre o primeiro semestre de 2005 e o primeiro semestre de 2006 na planta da Telefônica/Telesp, registrando 12,3 milhões de linhas em serviço.

Se a competitividade do celular e do VoIP continuar a melhorar, e bem provável que em um ou dois anos esta taxa chegue aos números dos países desenvolvidos, se aproximando de 5% a 10% de desligamentos anuais.

24 julho 2006

E se as calçadas nas ruas fossem oferecidas pelas teles?

Interessante analogia de Bob Frankston comparando as calçadas com a conectividade de dados sendo oferecida hoje pelas Teles. O absurdo da situação coloca em termos simples toda a discussão sobre a neutralidade de redes ("Network Neutrality") em voga nos EUA.

No trecho abaixo ele resume toda a situação, mostrando que o governo e as empresas de telefonia estão lutando para preservar pelo tempo que puderem o modelo atual:
He reminded me that this is America and if a TSP makes an investment in
a sidewalk it deserves to be paid back no matter what it costs. This
isn't like today's Russia where companies have to try to compete. It's
1930's depression-era America with its fantasy of a planned economy and
guaranteed returns for the carriers. The purpose of the government and
regulation is to assure the health of the corporations for unlike a
person a corporation has to last forever because change is confusing
and bad.

19 julho 2006

Telco 2.0: como as teles devem se posicionar daqui em diante?

Ótimo artigo de Martin Geddes no Telco 2.0 discutindo sobre como as teles devem olhar para o seu negócio e o que podem fazer.

Martin apresenta mais problemas que soluções no artigo, mostrando que a evolução das aplicações IP que estão em competição plena estão se desenvolvendo muito rapidamente e, em muitos casos, superando em muito as habilidades da rede de telefonia pública existente hoje.

A principal dica do artigo é que as teles devem se organizar horizontalmente para maximizar o valor de cada camada de serviço que hoje executam:
Thus the Telco 2.0 suspicion is that operators have only weak
competence at the content and applications space. Timescales for
deployment are glacial -- and like the glaciers, such efforts are prone
to melt and disappear before their time. It is necessary to specialise
in the horizontal functions you do well. That means realising some of
the same commercial goals of liberating value from payment, billing,
identity, etc., -- but without the baggage of application and hardware
design that defining a full service entails.

10 julho 2006

Jajah hoje liga telefones fixos/móveis pela web

Quase um ano atrás publiquei um artigo comentando sobre o primeiro software de VoIP que estava se posicionando como competidor direto do Skype, o Jajah.

Já naquele artigo comentei que seria difícil criar sombra sobre o Skype, pois não estava oferecendo grandes diferenciais e o Skype já possuia uma quantidade enorme de usuários cadastrados.

E não é que eles mudaram completamente sua estratégia? O software já não está mais disponível no site deles e eles passaram a atuar num mercado inovador e diferente, um verdadeiro Oceano Azul.

Você cadastra o seu usuário, lista seus telefones fixo, celular e de trabalho, adquire créditos e pode a partir daí iniciar ligações de VoIP onde o telefone de origem e de destino são telefones convencionais.

E como funciona? Muito simples: a aplicação no site Jajah liga para seu telefone, você atende, escuta um anúncio de que o telefone destino está sendo chamado. Quando o outro lado atender, a ligação é quase como se feita diretamente, se você descontar que o BINA apresentará números estranhos a você.

Os preços são competitivos, considerando que na realidade duas chamadas são feitas na realidade, e ainda existe o preço promocional zero para ligações de telefone fixo para um grupo pequeno de países, e o Brasil não é um deles, o que é uma pena.

Ligações de fixo para fixo no Brasil custam $0,125 dólares por minuto, o que ainda é caro, mas ligações do Brasil para os EUA custam $0,075 dólares por minuto, o que já é bem competitivo.

Nas últimas semanas tenho recebido bastante visitas a este blog vindas do Google através de pesquisas sobre o Jajah, mais do que qualquer outro tipo de busca.

Não descobri o porquê desta súbita popularidade, mas imagino que seja pela facilidade de fazer ligações para outros países com preços competitivos.

Nobres leitores, por favor comentem...

06 julho 2006

GVT lança ADSL2+ no Brasil, com velocidades de até 10Mbps

A competição para o acesso a Internet volta a esquentar no país, pois a GVT acaba de lançar a tecnologia ADSL2+, mais avançada que a tecnologia ADSL do Speedy e da BrasilTelecom.

A tecnologia ADSL2+ permite velocidades de até 24Mbps de download e 1Mbps de upload, ultrapassando o limite de 8Mbps de download do ADSL convencional. Isto coloca a GVT numa vantagem competitiva em termos de velocidade, que esperamos leve a aumentar a competição neste mercado.

Os preços estão levemente mais baratos que a BrasilTelecom, mas ainda acima dos praticados para velocidades equivalentes do Virtua da NET, entretanto a tecnologia via cabo (DOCSIS) utiliza banda compartilhada no acesso de última milha e o Virtua limita a quantidade de dados por mês em alguns gigabytes de acordo com o plano.

05 julho 2006

Acesso ao broadband, deve ser regulado até que ponto?

Interessante observações no blog Communications sobre propriedade pública ou privada dos meios de acesso ao broadband.

Brough levanta as velocidades de mudança das camadas da conexão broadband:
  • roteadores e switches, TCP/IP ou Ethernet: Lei de Moore ou ainda mais rápido
  • tecnologia de luz para fibra: Lei de Moore ou mais rápido
  • a fibra em si (camada zero): evolução lenta, vida útil acima de 20 anos
  • condutos e postes: evolução muito lenta, vida útil de 20-50 anos (com manutenção)
  • direitos de uso para acesso às pessoas (ligação aérea, subterrânea, etc): limitada, fixa, de propriedade da comunidade.
Com esta análise em mãos, Brough defende que somente a camada zero ("layer 0") se presta a regulação pela comunidade através do processo político. Os elementos acima mudam numa velocidade incompatível com quaisquer mecanismos regulatórios.

Desta maneira, a fibra terminaria num centro de distribuição comunitário e seria acesa pelo provedor de escolha do cliente da fibra, de forma que a competição facilitada protegeria os interesses das pessoas.

Esta instalação de fibra seria regulada e poderia ser feita por uma empresa regulada como as distribuidoras de energia elétrica que existem hoje no país e/ou adquirida pelo próprio usuário da fibra.

Em Amsterdam, o processo de instalação de fibra para seus habitantes separa em três camadas e é bastante semelhante ao que Brough sugere. A camada zero foi licitada por uma empresa, a camada intermediária é um prestador de serviço que gerencia a rede, instala roteadores e fornece conectividade no atacado, e a camada superior são quaisquer prestadores de serviço que podem contratar os serviços no atacado e fornecer individualmente serviços diferenciados aos usuários finais.

No Estado de Utah nos EUA, existe uma organização bancada pelo estado chamada UTOPIA que separa a parte regulada na altura do provimento de conectividade MPLS, sendo acima da camada sugerida por Brough, o que sugere problemas com o avanço da tecnologia ao longo do tempo.