29 junho 2006

Nova tecnologia para distribuição de redes Mesh: ótica

Enquanto todo mundo estava ouvindo falar de cidades sendo cobertas por redes Wi-Fi através de distribuição de sinal por Wi-Fi, Canopy, Wi-Max e fibra, agora aparece mais uma tecnologia genial para a distribuição de conectividade, a luz.

Usando o mesmo conceito de fibra, mas transferindo os dados pelo ar mesmo, a ClearMesh Networks permite distribuição de sinal equivalente a fibra só que transmitindo e recebendo através de emissores e receptores específicos para áreas abertas.

A luz não atravessa paredes e reflexões são muito atenuadas, o que não polui o espectro de rádio mas exige visada direta entre os nós da rede. Pode oferecer bandas superiores com mais segurança de estabilidade na conectividade.

O produto ClearMesh 300 deles pode ser fixado em postes e telhados e possue 3 transceivers de 100Mbps full-duplex e conectividade de rede ethernet, permitindo a ligação de um access point Wi-Fi para o acesso ao usuário final.

Usa luz próxima ao infravermelho, emitida por LEDs e segura para o olho humano, com alcançe de 40 a 250 metros.

22 junho 2006

Como reduzir o custo da ligação de celular?

O deputado Fernando de Fabinho (PFL-BA) criou um projeto de lei que iguala as tarifas de telefonia fixa e móvel, provavelmente com o intuito de reduzir o custo das ligações de celular.

A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática rejeitou nesta quarta-feira (21/6) o projeto de lei:

O relator considerou "louvável" a preocupação do autor, mas observou que os serviços de telefonia fixa e móvel são distintos. "Os custos operacionais das empresas de celulares são mais elevados", comparou. Rocha também avalia que a uniformização das tarifas, em vez de reduzir o preço da telefonia móvel, como pretende o autor, poderia ter efeito inverso, elevando as tarifas do telefone fixo.
Provavelmente a principal razão das ligações de celular aqui no Brasil ainda serem caras é pela falta de competição no preço da terminação de ligação celular.

O valor da terminação é um preço que é pago por quem liga para a operadora celular que detém o celular destino. Logo se vê que este preço não é externado para quem possui o celular, mas para quem liga e que não tem poder de escolher a operadora do celular destino.

Para evitar que o preço se torne abusivo, a ANATEL regula o preço máximo a ser cobrado para a terminação desta ligação telefônica, mas, como era de se supor, se o telefone de origem não for da mesma operadora do telefone destino você pagará o custo de terminação "cheia" embutida no custo da ligação.

A grande maioria dos países adotam o CPP (quem liga paga - Caller Pays), só que não é assim em todos os países, pelo menos uns 14 países (aí incluindo os EUA) implementam o RPP (recebedor da chamada é que paga - Receiving Party Pays).

Nesta situação, o custo de receber a chamada de celular é pago por quem recebe, e se este valor for alto o dono do celular acaba trocando de operadora. Assim a competição para terminação funciona.

Um dos argumentos da adoção do CPP é que aumenta a penetração do celular e é o que as operadoras dizem que viabiliza o celular pré-pago no nosso país. Entretanto esta pode não ser toda a verdade, pois preços de terminação mais competitivos poderiam aumentar a penetração de pré ou pós-pagos.

Brough comenta em seu blog sobre uma pesquisa que atestou irrelevância estatística entre o uso do CPP e do RPP como impactantes na penetração do celular, o que mata o argumento principal do modelo CPP.

Entretanto, Brough termina o artigo comentando que nenhum país do mundo conseguiu mudar de CPP para RPP, e que 31 países mudaram de RPP para CPP. O que mostra que politicamente é difícil de inverter o modelo, provavelmente pelo interesse das operadoras de preservar este modelo de menor concorrência.

Curiosamente RPP é exatamente o modelo adotado na Internet. Quando eu mando um e-mail, eu pago uma mixaria para o meu provedor e quem recebe também paga uma mixaria para o provedor dele para receber.

Da mesma forma as ligações telefônicas VoIP ponta a ponta acabam tendo o mesmo tipo de cobrança. De certa forma a adoção de tecnologia VoIP não é o principal problema das operadoras, e sim a impossibilidade de se proteger de competição que ela provoca.

19 junho 2006

Motorola anuncia produto mesh Wi-Fi com um ou dois rádios

Motorola aprendeu que sua solução Canopy não estava atendendo completamente o mercado pois não permitia a pulverização de forma barata da conectividade.

Esta lição veio dos contratos ganhos pela EarthLink para distribuição de conectividade em cidades como Anaheim (California), New Orleans, Philadelphia e San Francisco, onde a Motorola, apesar de ser integradora principal, precisava de produtos mesh da Tropos de um rádio para ser competitiva da cobertura de sinal nas cidades.

Nesta segunda, a Motorola anunciou o produto HotZone Duo mesh Wi-Fi de um ou dois rádios para completar sua carteira de produtos e acabar com a necessidade da Tropos.

Competição é bom, mas é preocupante que a Motorola consiga verticalizar o provimento de conectividade mesh e prejudicar os players de menor porte.

Siemens e Nokia estão se fundindo

As áreas forcecedoras de soluções de comunicação da Siemens e da Nokia, que somadas faturam 16 bilhões de euros e com 60 mil empregados, irão se tornar uma empresa só.

O processo de transformação de Telecom em TI estão transformando os modelos de negócios e a força principal é o uso do IP como fatiador horizontal da cadeia de valor.

Esta é a terceira fusão em andamento, seguindo o exemplo da fusão da Ericsson com Marconi e Alcatel com Lucent. A pergunta que fica é porque estas empresas acham que concentração de fornecedores e economias de escala serão suficientes para preservar o modelo de negócio que está sendo destruída pela tecnologia IP.

Se você for ler o anúncio oficial, o foco principal da ação é a redução de custo, cortando 10% a 15% da força de trabalho e redução do gasto conjunto em pesquisa e desenvolvimento, o que não parece ser uma estratégia de longo prazo adequada...

14 junho 2006

Comoditização da conectividade não é o fim do mundo

O novo blog Telco 2.0 está discutindo sobre a transformação da cadeia de valor que está em curso na área das "tele" comunicações.

A transformação do negócio das atuais operadoras em serviços horizontais comoditizados não é o fim do mundo, e estas empresas não precisam lutar tanto tentando preservar a estrutura vertical de hoje. Esta estrutura vertical vai ser destruida mais cedo ou mais tarde de qualquer maneira.

Não é porque o produto é commodity que será impossível de se diferenciar no mercado. O blog exemplifica usando o caso de um bolo "Sponge" de supermercado, onde a Tesco se diferenciou na embalagem e conseguiu crescimento na margem do produto.

09 junho 2006

British Telecom também joga a toalha sobre serviços agregados a telefonia

Seguindo a mesma linha apresentada pela France Telecom, a British Telecom também está convidando as empresas inovadoras agregarem funcionalidades sobre o serviço comoditizado de telefonia que a empresa está oferecendo.
"This whole thing is based on openness and transparency," says Paul Reynolds, chief executive of BT's wholesale operations. "We want to allow experimentation by application developers."
E tem mais, nesta mesma notícia está sendo apresentado o plano da British Telecom de converter toda sua planta de telefonia comutada por circuito para uma plataforma baseada em IP até 2010.

Este plano chamado de "21CN" (rede do século 21) irá custar 18 bilhões de dólares e desativará todas as centrais telefônicas convencionais em operação na planta da empresa.

Pelo jeito, a previsão que comentei semanas atrás se realizará... :-)

Hong Kong tem agora 1Gbps simétrico por $216 dólares

A Ásia está dando um banho no resto do mundo com respeito a penetração e as velocidades disponíveis para acesso a rede mundial. Já tinha falado da Coréia, e agora Brough está comentando sobre os avanços em Hong Kong.

City Telecom é uma empresa de telefonia de Hong Kong fundada em 1992, cuja subsidiária Hong Kong Broadband Network Limited está oferendo acesso a Internet de 1 Gbps por $216 dólares, 100 Mbps por $31 dólares e 10 Mbps por $19 dólares.

O método de distribuição deles é fibra até os prédios, e então cabo convencional de cobre Ethernet (Cat 5e) e switches para ligar cada residência dos prédios. É um mecanismo barato e trivial de instalação, cujo custo é algo como $300 dólares por residência, segundo o executivo da empresa.

Muitas pequenas empresas espalhadas pelo Brasil implementam este tipo de conectividade, usando para o acesso ao prédio rádio (WiFi) e, recentemente, fibra. O maior problema destas empresas hoje é conseguir conectividade ao backbone da Internet com preços competitivos, já que este mercado é praticamente monopolizado pelas teles, as mesmas que oferecem conectividade através de ADSL para o usuário final.

Algo terá que acontecer neste país para que os custos de conectividade ao backbone da Internet, algo hoje como R$1.000,00 mensais por Mbps. Se não, ficaremos atrás da Ásia na questão de conectividade, tendo que ver o crescimento do ADSL enquanto o Japão já está desligando algo como 10% das linhas ADSL em favor da fibra.

05 junho 2006

France Telecom oferece voz e dados fixos quase de graça para obter cliente na rede celular

France Telecom, agora unificando todos os serviços e seu marketing no nome Orange, continua antecipando a destruição do valor das operadoras de telefonia de todo o mundo.

Orange acabou de anunciar broadband DSL e ligação nacional ilimitada por algo como $9 dólares para qualquer um que desejar ser um assinante da rede celular, e sem nenhuma expectativa de aumentar expressivamente o valor agregando serviços, esperado que o resto do mercado ajude ela nesta tarefa.

Este é o "Apocalipse do Valor", o que torna de vez o serviço de comunicação a mais nova "utility".

O blog Telecom's Tsunami agora está dizendo que está chegando a hora que a "utility" mais especializada em levar fios para sua casa iniciará a agregar o serviço de comunicação no seu serviço: as empresas de energia elétrica.

As empresas de energia elétrica são especializadas em levar uma commodity para sua casa (a energia) já a muito tempo, e oferecer acesso de comunicação já comoditizado pelas operadoras será trivial.

Mas operadoras de energia elétrica são muito reguladas no mundo todo, quanto tempo será necessário para esta mudança aconteça?

01 junho 2006

Telefonia comutada não fará mais sentido em 2010 nos países desenvolvidos

Alec Saunders está comentando sobre algumas previsões feitas sobre o faturamento dos negócios de comunicações para os próximos anos.

A previsão interessante é que em 2010, a rede de telefonia pública comutada não será mais a principal fonte de renda das operadoras de comunicação, e que se o dado se tornar a atividade mais rentável fará mais sentido utilizar a plataforma de dados para transportar a voz.

Conforme os dados de faturamento da Telus mostram no gráfico do artigo, em geral o celular está se tornando a maior fonte de renda das operadoras nos dias de hoje, mas já se percebe o crescimento expressivo dos serviços de dados e o aumento da competição no celular que reduzirá os preços, e consequentemente, o faturamento.

Então está aí, as operadoras devem aproveitar esta janela de 4 a 5 anos para aproveitar a rentabilidade das operações de celular, e se preparar para começar a desligar as centrais convencionais fixas nestes próximos anos... :-)