04 dezembro 2011

SAP comprando empresa de solução em nuvem

Continuando o tema do meu artigo anterior, existe um aspecto interessante do processo de compra de soluções de TI que não tinha discutido com profundidade que é a distância entre o usuário e o vendedor da solução.

Chris Dixon observou bem esta situação no blog dele, aonde ele argumenta que raramente o usuário dentro da empresa é o comprador da solução. Na maior parte dos casos é a área de TI que analisa e verifica aspectos técnicos e comerciais e obriga a empresa a se submeter a esta decisão.

Chris argumenta que as soluções em nuvem estão mudando esta situação, em linha do que tinha comentado no meu artigo, e ele apresenta o caso da SAP estar adquirindo a SuccessFactors como exemplo desta mudança. A SAP sempre foi uma empresa baseada em soluções de software para empresas envolvendo vendas intensivas de serviços customizados trabalhando dentro dos clientes, e a SuccessFactors é uma solução toda baseada na nuvem para serviços internos as empresas.

Parece então que a SAP (como uma série de outras do segmento) estão tentando fazer uma curva no "transatlântico" e colocar alguns "ovos" chocando no futuro que está chegando.

Este processo de mudança não será tranquilo e o processo de redução da relevância da área de TI promete ser sangrento.

19 novembro 2011

Como fazer "Computação nas núvens" dentro de uma empresa?

Eu estava lendo um artigo interessante discutindo a dificuldade de inocular a mentalidade dos serviços de computação nas nuvens nos departamentos internos de TI das empresas. O artigo fala basicamente que é impossível construir este conceito dentro das organizações atuais sem completamente destruí-la no processo.

Concordo com a avaliação e consigo identificar quatro grandes fatores que justificam esta destruição.

O primeiro fator é que as organizações maiores em geral se organizaram em estruturas hierárquicas preservando os conceitos industriais do início do século XX do modelo de geração de valor através da gestão da transformação.

Isto levou as áreas de TI a dar ênfase na compra, entrega e manutenção de equipamentos e softwares que se tornam ativos da empresa da mesma forma que uma máquina de tear ou de uma linha de montagem de automóvel.

Para as necessidades de TI particulares da empresa uma série de softwares são desenvolvidos internamente, normalmente apenas até o ponto que se tornam relativamente usáveis e invariavelmente se tornam uma cruz a carregar pois tornam-se rapidamente difíceis de manter e atualizar. Afinal estes softwares são, na maior parte dos casos, atividades acessórias a organização e, portanto, apenas um centro de custo da empresa.

Isto acontece porque o modelo "comando e controle" do conceito industrial tem como objetivo obter a eficiência através de decisões executivas que buscam a máxima eficiência com menor custo, mesmo que a custo da qualidade dos serviços prestados ao cliente interno.

Com isso chegamos ao segundo fator que é a falta de enfoque a prestação de serviço e, portanto, satisfação do cliente. Para a prestação do verdadeiro serviço, a hierarquia se torna uma dificuldade pois somente as pessoas "na ponta" com o contato com o cliente conseguem desenvolver a visão holística das necessidades reais sem conseguir "levar" esta visão para cima na cadeia hierárquica.

O cliente interno apenas "compra" do único fornecedor, o fornecedor interno. Sem a competição de outros fornecedores não há a como o cliente interno espernear para buscar um padrão de excelência de serviço.

O cliente interno então está fadado a aceitar esta situação? Não. A Internet mudou tudo, e isso é o terceiro fator.

A Internet abre um caminho que permite o uso de serviços de TI remotos, muitas vezes sem ou com pouca necessidade de compra de ativos e é o que estamos chamando de computação nas nuvens.

Como a Internet é pervasiva, é difícil a hierarquia de "comando e controle" impedir sua utilização. Os impedimentos técnicos são quase nulos e sobra apenas a falácia da "segurança da informação".

O quarto fator é que tecnologia de informação, e em especial software e servidores virtuais, tem intrinsecamente economias de escala enormes. Isto permite a prestação de serviço de qualidade a custos muitos mais baixos do que qualquer empresa poderia prestar para si mesma.

O estudo de caso mais emblemático deste processo é como o serviço de e-mail está mudando nas empresas, iniciado muitas vezes através da instalação do Exchange da Microsoft, passando pela insubordinação dos funcionários através do encaminhamento dos e-mails para contas do HotMail/GMail e culminando por forçar as empresas a adquirir serviços de hospedagem de e-mail e de WebMail de terceiros.

16 setembro 2011

CQRS e Event Sourcing, você ainda vai ouvir falar disso

Dois conceitos novos para a gente aprender e adotar em desenvolvimento de aplicações corporativas: CQRS e Event Sourcing.

CQRS ou CQS significa "Command-Query (Responsibility) Separation" e é um paradigma que sugere a separação dos modelos de consulta e de alteração dos dados persistidos pela aplicação.

Os frameworks MVC hoje em dia em geral apenas segregam o Model para abstrair a persistência da informação, mas não busca a isolação das operações que não fazem alteração de "estado" das operações que alteram "estado".

E por que você então tentaria entortar o teu cérebro para gerenciar esta distinção? A questão é que existem oportunidades escondidas significativas nesta separação: As operações que não alteram estado podem ser cacheadas e/ou utilizar de consistência eventual para aumento de performance, as operações que alteram estado podem ser segregadas em servidores separados, inclusive num formato ou banco de dados diferente do utilizado pelas operações de consulta.

Uma destas formas de efetuar armazenamento das alterações num formato diferente é o conceito de Event Sourcing, aonde o armazenamento dos mesmos se dá na forma de mensagens/eventos, e não do simples armazenamento do novo estado.

A partir daí, algum mecanismo pode imediatamente converter o evento recém salvo e alterar o(s) repositório(s) que contenham o "estado" atual e que sejam usado para as operações de consulta que não alteram estado.

E porque este assunto entrou em voga nestes dois últimos anos? Basicamente por causa da tremenda oportunidade para aumento da escalabilidade das aplicações no formato scale-out, o custo baixíssimo do espaço em disco que permite facilmente armazenar num event-store a vida inteira de uma aplicação, e as oportunidades intrínsecas de auditoria e análise do histórico de transações.

O assunto é um pouco denso e complicado, mas é possível achar apresentações falando sobre experiências de implementação de CQRS e Event Sourcing:

08 junho 2011

O crescimento da Ahgora

Publicamos no blog da Ahgora uma foto na frente da nossa sala no Corporate Park para mostrar o nosso time da Ahgora.

A equipe conta agora com 28 pessoas, isto incluindo os 3 sócios, o que já é um grupo significativo de pessoas, especialmente consideramos que éramos apenas 5 no início de 2010.

Este crescimento é uma satisfação pessoal para a gente apesar de sempre me deixar apavorado com a responsabilidade e preocupado em saber se estamos com o tamanho certo para viabilizar o futuro que queremos para a empresa.

O mercado de equipamentos de registro de ponto e sistemas de apuração de ponto não é um mercado fácil, pois há muitos concorrentes e o governo não ajuda fabricando uma insegurança jurídica tremenda nesta fatídica portaria MTE 1.510 criando adiamentos e concessões.

Considerando isso, assumimos um tremendo risco organizando uma empresa para prestar um serviço de qualidade sem ter a segurança de um resultado regular de faturamento mensal. Nosso faturamento oscila em mais de 100% para cima e para baixo cada mês o que nos torna verdadeiros artistas de circo para lidar com o fluxo de caixa.

Em compensação, nossos produtos e serviços são considerados muito bons pelos nossos clientes e revendedores, o que nos deixa muito contentes e gratificados, e nos dão a esperança de futuro bem mais estável no futuro.

Mesmo assim, até pela nossa natureza inquieta, temos também nos organizado em diversificar nosso portfólio criando soluções de controle de ativos por RFID. Já temos alguns clientes para tecnologias RFID ativas 2,4GHz e passivas 900MHZ usando rádio de terceiros e estamos buscando viabilizar o desenvolvimento de tecnologia local de rádios RFID em médio prazo.

Praticamente qualquer empresa de base tecnológica é definida pelas pessoas que a compõem, e a Ahgora só está assim por causa da qualidade das pessoas que conseguimos convencer a apostar o futuro com a gente. Nossa responsabilidade como empresários é construir a visão, orientar a equipe e gerir os ativos da melhor forma que permita o melhor retorno para todos.

Espero daqui a alguns anos poder olhar para este post e rir das diversidades que passamos estes anos para lidar com estas dores de crescimento... :-)

29 maio 2011

Linode: os servidores virtuais da Ahgora

Desde o início da Ahgora decidimos evitar o máximo desenvolver uma estrutura própria de TI e utilizar apenas recursos da Internet.

Tentamos inicialmente usar apenas recursos que estivessem localizados no Brasil para evitar uma maior latência de acesso para os servidores e tentamos utilizar servidores de uso compartilhado e servidores virtuais de uma grande empresa aqui do Brasil.

Como precisávamos de algum ambiente separado para desenvolvimento, acabamos alocando um servidor virtual da Linode de U$20 dólares apenas para uso apenas em testes.

Qual não foi a nossa surpresa começamos a ter problemas regulares com os serviços prestados aqui no Brasil. Perdas semanais de conectividade e reinicializações regulares sem aviso.

O que nos indignou mais foi a falta de transparência do que estavam fazendo, apenas sinalizando como "atualizações" quando perguntados e quando indagados sobre o que estava acontecendo de errado nada era dito.

A gota d'água foi o dia que amanheceu o servidor e vimos que o servidor tinha reinicializado e alguns dados recentes não estavam presentes. Olhando os arquivos do Linux, observamos que todos os arquivos, inclusive de logs, tinham data de 24h antes, o que claramente indicava uma recuperação de backup por parte do provedor. Indagados sobre isso, negaram veementemente que algum backup foi recuperado.

Ao mesmo tempo, tivemos zero problemas com a Linode. Não perdia conectividade praticamente nunca e estavam sempre avisando semanas antes o que pretendiam fazer nos datacenters.

Fomos obrigados a tomar uma decisão para poder ficar tranquilos com os nossos clientes. Movemos toda a nossa estrutura para servidores virtuais da Linode apesar de um pequeno aumento da latência de acesso.

Apesar desta latência, a resposta dos servidores da Linode dão um banho. A performance é muito boa e os bancos de dados se comportam muito bem, e ainda facilmente verificado por gráficos de performance de cpu e de rede através de uma interface espetacular de gerenciamento que eles oferecem.

Tivemos também dificuldades sérias com a Linode, aonde um defeito duplo do storage RAID10 dos servidores deles ameaçou nos fazer perder dias de atualizações dos dados. Eles foram muito claros explicando os problemas, ofereceram descontos para os servidores virtuais afetados, e montaram uma força tarefa para tentar recuperar os dados que estavam nos discos defeituosos.

Cerca de 3 dias depois eles ativaram sem custos um servidor auxiliar com os dados que foram recuperados dos discos defeituosos para que pudéssemos recuperar o que fosse possível. Qual não foi a nossa surpresa que recuperamos 100% de tudo que havia e anexamos os dados dos dias perdidos aos dados que tínhamos recuperados de um backup de dias anteriores a falha.

Hoje temos cerca de 10 servidores virtuais com a Linode, de diversas configurações de disco, memória e cpu, e vamos ter dificuldade de achar um parceiro comercial tão confiável quanto eles. Na realidade hoje usamos o tipo de atendimento ao cliente deles como benchmark para o tipo de atendimento que prestamos aos nossos próprios clientes.

15 maio 2011

A minha experiência com o Kindle da Amazon.


O Kindle da Amazon está custando cerca de R$500,00 incluindo transporte e taxas para Brasil, o que é um preço bem interessante apesar da quantidade de impostos no preço original de U$139,00.

Adquiri o meu a um pouco mais de um mês e achei um ótimo equipamento para leitura. O display baseado em e-ink é show, tem uma definição incrível e torna a leitura muito agradável.

Como não emite luz, é necessário o uso de um spot de luz para poder ler na cama como qualquer bom livro.

A conectividade por Wifi é mais que suficiente, e não vejo justificativa para o uso da versão com 3G a não ser se você realmente vive viajando. Ainda assim, acredito não haver dificuldade de achar Wi-Fi nos hotéis por aí.

Além disso, a conveniência do WhisperNet, que é o protocolo de comunicação com os servidores da Amazon, só é realmente justificada para os livros comprados pela mesma. PDFs, CHMs, LITs e outros livros eletrônicos obtidos de outras formas são mais convenientemente enviados por USB usando um software como o Calibre.

O software Calibre é bem completo, implementando a conversão de formatos de livros e também construir edições limitadas de jornais periódicos consultando diretamente os sites na Internet.

O formato nativo usado pelos livros vendidos pela Amazon é o AZW, só que este formato é proprietário e possui DRM. O melhor formato aberto para usar no Kindle é o MOBI que fica perfeito no Kindle, preservando toda a navegabilidade dentro do documento.

Todos os Kindles vendidos recentemente já nativamente suportam o formato PDF, entretanto é extremamente inconveniente de ler. O PDF descreve o desenho da página e não permite a alteração das quebras de linhas dentro das mesmas tornando muito difícil de se ler, pois para caber a linha inteira é necessário trocar a orientação da tela do Kindle e reduzir o tamanho da fonte para um ponto bastante desconfortável para a leitura.

O Calibre consegue fazer conversões do PDF para o MOBI, mas os resultados são variáveis, indo as vezes de conversões perfeitas a conversões aonde o documento é destruído.

A principal desvantagem do Kindle para um brasileiro é que ele é incompatível com o DRM da Adobe, que é o esquema adotado pelas livrarias brasileiras para distribuição de e-books em português. Isto nos obriga a leitura de livros em Inglês, o que é bacana para quem já tem alguma fluência, permitindo a leitura antes da tradução muitas vezes mal feita aqui no mercado brasileiro.

Existem leitores de Kindle para PC, para iPad e para dispositivos Android permitindo ler os livros em praticamente qualquer dispositivo a sua mão hoje em dia, mas o Kindle verdadeiro é único por uma série de razões:
  • dá para ler até no sol;
  • a bateria deve durar um mês com o Wifi desligado;
  • é pequeno e leve;
  • não é tão caro;
  • apesar de ter um browser Web, é tão lento e desconfortável para este uso que você não vai ficar chaveando para ver se chegou um e-mail ou um novo twitter.
E este último item é incrivelmente uma grande vantagem. Nesta vida aonde tudo a nossa volta fica nos interrompendo e destruindo a nossa habilidade de se concentrar e se envolver numa obra escrita, o Kindle permite você se enfurnar num quarto fechado e se envolver apenas com os nossos próprios pensamentos por um bom tempo.

11 maio 2011

Relógio de Ponto Eletrônico de graça para quem usa nosso serviço

Como já tinha comentado no post anterior, acabou de nascer o novo equipamento de registro de ponto Ah07 especificamente desenhado para quem está pagando para ver se a portaria 1.510 vai valer.

Implementamos um equipamento sem impressora para registro de ponto nativamente integrado ao sistema PontoWeb, e a estratégia comercial é bem diferenciada.

Decidimos chamar de PontoWeb Fácil, e o preço do equipamento para todos os efeitos tem o preço de R$0,00, pois vamos oferecer o equipamento em comodato para quem assinar o contrato mensal do sistema PontoWeb nestas condições, entregando o equipamento em definitivo ao final do contrato de dois anos.

Agora, estou curioso para ver algum concorrente nosso bater este nosso preço.. :-)

08 maio 2011

Start-up versus Governo

Criamos a Ahgora a um tempo atrás com o objetivo de criar um serviço de registro de ponto eletrônico on-line na modalidade de serviço, algo que facilitasse a vida das empresas e simplificasse principalmente a vida das pequenas empresas.

Em agosto de 2009 aparece então a fatídica portaria 1.510 do MTE, que muda completamente e engessa os mecanismos de registro de ponto eletrônico. Nossa avaliação foi que a mudança definida é exagerada e cria um bocado de dificuldades para as empresas, mas ao mesmo tempo existia o lado bom para a sociedade de legitimar e regular o mercado de ponto eletrônico dado ao descrédito generalizado dos softwares e relógios que existiam no mercado.

Observando que os princípios adotados são semelhantes ao definidos para a impressora fiscal imaginamos que existiria uma boa chance desta mudança chegar ao resultado esperado pelo governo, o que nos levou a acreditar em transformar a Ahgora também numa indústria.

Nosso diferencial sempre foi a prestação de um serviço confiável e responsável para a gestão do ponto e então imaginamos como seria este equipamento perfeito para acompanhar o nosso serviço.

Nasce então o Ah10, um produto compacto, alta performance e com a melhor impressora do mercado sem falar do design assinado pelo escultor Adhemir Fogassa. Um produto que todo mundo que entra em contato sempre fica surpreso de como ele é agradável visualmente e compacto, chegando ao ponto de termos clientes reclamando que esperavam um equipamento mais trambolhão apenas porque os outros equipamentos do mercado eram assim... :-)

Agora, depois de quase dois anos estamos ainda esperando a definição da situação jurídica. No final de fevereiro tivemos o segundo adiamento, além de criação de regras incertas de flexibilização. Nesta situação a insegurança jurídica é certa e deixa as empresas em dificuldades de decidir enfim a aquisição de um equipamento como definido pelo governo.

Para uma start-up, esta situação passou do ponto de inaceitável e decidimos então deixamos de ficar na dependência do governo e estaremos lançando na Exposec nossa versão do relógio de ponto sem impressora, ainda menor, bonito e vendido apenas na modalidade de serviço integrado ao nosso sistema PontoWeb suportado pela nossa poderosa equipe de suporte e desenvolvimento aqui em Florianópolis.

Logo posto mais novidades...

20 fevereiro 2011

Foco em serviço nas empresas

Processo industrial de produção está mudando

A revolução industrial, se utilizando da especialização das pessoas para produção massiva de produtos indiferenciados, desmontou o modelo até então usado de produção artesanal, onde existia uma estrutura em pirâmide de qualificações das pessoas, com poucas pessoas dominando totalmente a arte artesanal e com uma grande quantidade de aprendizes reproduzindo a arte dos especialistas.

Naquele tempo, o serviço era o maior valor do produto, e a matéria prima abundante e barata. A revolução industrial foi necessária para viabilizar a produção massiva de produtos mais elaborados cujo custos dos insumos eram altos.

Agora estamos na terceira onda, onde estamos vendo os produtos massificados serem produzidos de forma muito barata, seja pela mecanização da produção ou por uso de mão de obra extremamente barata como na China ou ainda pela construção de vantagens comparativas em diversos países através da disponibilização de meios de produção bancados pelas políticas industriais nacionais.

Ao mesmo tempo, como estes produtos se tornam abundantes e baratos, outros elementos passam a construir diferenciais, como o design, cor, estilo, marca e até a comunidade de seus usuários.

Ou seja, estamos voltando através das atividades de serviço para o modelo de produção mais do estilo artesanal, onde desenvolvimento do enfoque global das pessoas é mais relevante que a especialização das mesmas.

A horizontalização é o meio desta mudança

Quando Henry Ford iniciou a produção de seu modelo T, os carros eram todos iguais e na cor preta. Hoje as montadoras contratam de várias centenas de empresas seus insumos para a produção, transferindo a produção de insumos indiferenciados para pequenas empresas que abastecem sua linha de montagem de produtos customizados.

E esta linha de montagem está cada vez mais mecanizada e recebendo produtos cada vez mais "prontos" das pequenas empresas que produzem os insumos, tornando os elementos de trabalho mais importantes das montadoras a marca, o design, o gerenciamento de projetos e o gerenciamento de tecnologia de informação.

O mais curioso deste processo é que este mesmo mecanismo se replica em escala menor nestas empresas que produzem os insumos das montadoras, onde progressivamente um processo de customização, de marca e de design se desenvolve.

E onde ficou o valor dos produtos?

O valor dos produtos não desapareceram, apenas o mercado destes produtos, elaborados ou não, se tornaram disponíveis por muitas empresas, tornando estes produtos comoditizados. Com isso a rentabilidade se torna muito dependente de vantagens comparativas e sensíveis as flutuações do mercado.

E como serviço entra nesta discussão?

Tudo que chamamos de customização está relacionado a serviço, e os consumidores finais estão exigindo estes diferenciais. Até para comprar grãos, como feijão ou arroz, hoje olhamos para a marca do produto para satisfazer nossas necessidades de segurança e de qualidade, ou seja, o serviço de marca agrega valor ao produto.

Mas os serviços também podem ser oferecidos desagregados a produtos

Hoje em dia grande parte do que consumimos já são serviços sem produtos físicos. Educação é provavelmente hoje o principal exemplo, mas podemos listar ainda muitos outros, como a oficina das consessionárias de carro, escritórios de advocacia, TV a cabo, Internet, consultorias, desenvolvimento customizado de software, escritórios de arquitetura, de contabilidade, etc.

O posicionamento de mercado de um prestador de serviço é diferente do posicionamento de mercado de produtos

As empresas de produtos em geral se posicionam no mercado fortalecendo um destes elementos: o produto, a eficiência operacional ou o relacionamento. Isto por causa da própria segregação dos clientes que esperam exatamente ou o produto mais elaborado e evoluído, ou o produto  disponibilizado na forma mais eficiente e econômica, ou uma relação duradoura baseada na confiança com seus fornecedores.

Já os prestadores de serviços necessitam fortalecer a execução de suas atividades ou de forma excepcional, ou de forma experiente, ou de forma eficiente:
  • Os clientes que esperam serviços excepcionais contam com a grande inteligência das pessoas prestadoras do serviço para resolver problemas novos e raros. São as atividades de maior rentabilidade e que exigem conhecimento global dos assuntos, e a marca se torna um dos principais forças para estabelecimento dos negócios.
  • Já quem espera desempenho experiente, espera alguma previsibilidade das atividades desempenhadas e compromisso de execução conforme experiências passadas. Estas atividades são executadas por pessoas que já executaram atividades semelhantes mas que ainda exigem criatividade para resolução de problemas particulares.
  • E, por fim, existem os clientes que esperam desempenho eficiente, atividades mais mundanas e que muitas vezes já tem preços estabelecidos pelo mercado. O cliente tem noção exata do que é esperado e normalmente são atividades de rentabilidade menor.

Obs: Escrevi este artigo no fim de 2006 e nunca o tinha publicado. Impressionante como é mais verdade hoje do que nunca.