19 novembro 2011

Como fazer "Computação nas núvens" dentro de uma empresa?

Eu estava lendo um artigo interessante discutindo a dificuldade de inocular a mentalidade dos serviços de computação nas nuvens nos departamentos internos de TI das empresas. O artigo fala basicamente que é impossível construir este conceito dentro das organizações atuais sem completamente destruí-la no processo.

Concordo com a avaliação e consigo identificar quatro grandes fatores que justificam esta destruição.

O primeiro fator é que as organizações maiores em geral se organizaram em estruturas hierárquicas preservando os conceitos industriais do início do século XX do modelo de geração de valor através da gestão da transformação.

Isto levou as áreas de TI a dar ênfase na compra, entrega e manutenção de equipamentos e softwares que se tornam ativos da empresa da mesma forma que uma máquina de tear ou de uma linha de montagem de automóvel.

Para as necessidades de TI particulares da empresa uma série de softwares são desenvolvidos internamente, normalmente apenas até o ponto que se tornam relativamente usáveis e invariavelmente se tornam uma cruz a carregar pois tornam-se rapidamente difíceis de manter e atualizar. Afinal estes softwares são, na maior parte dos casos, atividades acessórias a organização e, portanto, apenas um centro de custo da empresa.

Isto acontece porque o modelo "comando e controle" do conceito industrial tem como objetivo obter a eficiência através de decisões executivas que buscam a máxima eficiência com menor custo, mesmo que a custo da qualidade dos serviços prestados ao cliente interno.

Com isso chegamos ao segundo fator que é a falta de enfoque a prestação de serviço e, portanto, satisfação do cliente. Para a prestação do verdadeiro serviço, a hierarquia se torna uma dificuldade pois somente as pessoas "na ponta" com o contato com o cliente conseguem desenvolver a visão holística das necessidades reais sem conseguir "levar" esta visão para cima na cadeia hierárquica.

O cliente interno apenas "compra" do único fornecedor, o fornecedor interno. Sem a competição de outros fornecedores não há a como o cliente interno espernear para buscar um padrão de excelência de serviço.

O cliente interno então está fadado a aceitar esta situação? Não. A Internet mudou tudo, e isso é o terceiro fator.

A Internet abre um caminho que permite o uso de serviços de TI remotos, muitas vezes sem ou com pouca necessidade de compra de ativos e é o que estamos chamando de computação nas nuvens.

Como a Internet é pervasiva, é difícil a hierarquia de "comando e controle" impedir sua utilização. Os impedimentos técnicos são quase nulos e sobra apenas a falácia da "segurança da informação".

O quarto fator é que tecnologia de informação, e em especial software e servidores virtuais, tem intrinsecamente economias de escala enormes. Isto permite a prestação de serviço de qualidade a custos muitos mais baixos do que qualquer empresa poderia prestar para si mesma.

O estudo de caso mais emblemático deste processo é como o serviço de e-mail está mudando nas empresas, iniciado muitas vezes através da instalação do Exchange da Microsoft, passando pela insubordinação dos funcionários através do encaminhamento dos e-mails para contas do HotMail/GMail e culminando por forçar as empresas a adquirir serviços de hospedagem de e-mail e de WebMail de terceiros.