10 maio 2010

Faltam profissionais em Florianópolis

Já não é a primeira vez que ouço que os empresários aqui da região de Florianópolis estão reclamando da dificuldade de contratação e do "roubo" de profissionais entre as empresas.

Florianópolis está sofrendo um boom de novas empresas e empreendimentos na área de tecnologia que está demandando uma quantidade crescente de pessoas e as faculdades da região estão a algum tempo colocando uma quantidade relativamente constante de pessoas no mercado de trabalho.

Além disso, os profissionais de tecnologia também são recrutados para assumir papéis comerciais, administrativos ou de gerência por uma série de empresas, além de todos os concursos para cargos públicos. É uma pena que tantas pessoas abandonem as atividades para o que estudaram por estar desiludidos com as oportunidades que se apresentam.

Um sintoma bem visível da situação é a publicação dos classificados de domingo entupidos de ofertas de vagas que parecem nunca preenchidas, pois vivem se repetindo nos classificados por meses.

Acho que está claro que o mercado de trabalho está extremamente "comprador" de profissionais, o que indica que o poder de negociação hoje em dia está no lado do empregado.

Está mais que claro que hoje é o empregado que escolhe a empresa, e não mais o contrário. Esta mentalidade de brigar para a universidade produzir o "gado" para poder "entupir" as empresas tem que acabar, principalmente porque a tendência é continuar a aumentar a demanda de software, acima da capacidade de geração de novos profissionais.

Os empresários precisam entender que, ao mesmo tempo que tentam vender seus produtos para o mercado precisam vender suas empresas para os colaboradores e potenciais colaboradores com o mesmo grau de importância.

Da mesma maneira precisam entender que esta massa de pessoas são o nosso futuro. Se não é através de nossa empresa, que seja por outra, pois quando a maré sobe, sobe para todo mundo.

Trocas de empresa por parte dos profissionais não deveriam ser motivo de brigas entre empresários, deveriam na realidade ser encorajadas. Não há nada melhor para o desenvolvimento pessoal destas pessoas do que conhecer experiências diferentes, e não há nada melhor para as empresas do que ter a polinização cruzada de conhecimentos para crescer o potencial de todas elas.

Não é a toa que as empresas que estão no Vale do Silício são o que são: lá o tempo médio de um profissional ficar numa mesma empresa é de 2 a 3 anos. Consegue imaginar o que uma empresa adquire de know-how em 5 anos apenas se instalando lá?

Além da questão da troca de empresas, o "volume" de pessoas não pode ser o nosso objetivo, e sim uma pequena massa de "super profissionais" que causassem inveja a sociedade brasileira e internacional.

Tendo este grupo de "super profissionais", e vendendo este diferencial aos quatro ventos, não vai faltar gente querendo se mudar para a cidade maravilhosa de Florianópolis para vir aprender com as empresas de mente aberta e com estes profissionais.

Temos que vender o potencial de "aprendizado", o potencial de fazer a diferença da sociedade e de poder mudar o mundo. Só assim conseguiremos segurar estes "super profissionais".

Para fazer isso, acredito que temos que "vender" estes "super profissionais". Eles tem que ter blogs, dar palestras, escrever livros. As empresas tem que ajudar a construir a "marca" destes "super profissionais", inserindo suas opiniões controversas em seus sites e nos press-releases.

As empresas tem que parar de vender apenas produtos, mas também vender plataformas, conceitos, diferenciais tecnológicos, até mesmo as idiossincrasias que as tornam únicas, e isso só é possível montados e legitimados pela "venda" destes "super profissionais".

Para tudo isso, acredito que temos urgentemente que fabricar uma indústria local de conferências tecnológicas patrocinadas pelas empresas. Não poderia ter um mês que não tivesse uma conferência sobre FPGA, bancos NOSQL, linguagens como LUA, WebDesign, ferramentas sociais na Internet ou desenvolvimento Lean/Kanban.

Será que ninguém mais percebe que a gente tem que fabricar o nosso futuro e não esperar que isso caia do céu?

05 maio 2010

Kanban de Desenvolvimento de Software na Ahgora

Uma das vantagens de poder iniciar uma empresa é ter a liberdade de adotar as tecnologias, processos, ideais e conceitos que os empreendedores entendem como mais importantes para a empresa.

E está sendo muito gratificante poder adotar na Ahgora os conceitos que acreditamos mais interessantes para incutir como valores da empresa e permitir a empresa desempenhar da melhor maneira que acreditamos possível.

Nestas últimas semanas estamos implementando o gerenciamento do fluxo de desenvolvimento através de Kanban visual e com post-it, e está sendo uma experiência interessante: as pessoas rapidamente percebem o progresso e o sucesso do projeto olhando a evolução, e se envolvem diretamente para avaliar os escopos das unidades de valor, reorganização do próprio kanban e reorganização e repriorização contínua dos itens em backlog.


Este é o nosso quadro de Kanban que está valendo nesta semana.

Dois fluxos estão visíveis: Desenvolvimento de Software propriamente dito e Marketing/Design.

Dá para observar na foto que acabamos organizando o Kanban de maneira que a evolução do WIP (atividade em andamento) caminha para linhas diferentes: o desenvolvimento de software vai para teste de desenvolvimento seguido de teste de usabilidade, já o MKT/Design caminha para uma etapa de aprovação.

Kanban é isso mesmo, o objetivo é conseguir manter um fluxo contínuo de geração de valor e que precisamos continuamente nos reorganizar para maximizar o desempenho deste fluxo.

As limitações de quantidade de itens em WIP não estão ainda do quadro porque estamos ainda tentando achar um valor apropriado para cada fase.

Não queria deixar a amarração a priori para que a equipe pudesse experimentar os excessos e descobrir naturalmente os limites mais saudáveis.

E não demorou muito esta descoberta. Em três dias, chegou a juntar uns seis itens no WIP e acabei escutando de uma pessoa da equipe que para melhorar a eficiência precisamos botar um limite de três lá... Este tipo de coisa não tem preço: a exposição visual das atividades induziu intuitivamente nas pessoas a percepção de que não vale começar outra coisa sem terminar outra em andamento.

A nossa equipe é pequena e nova, e a gestão visual do Kanban nos está parecendo perfeita para o nosso caso. O envolvimento, aprendizado e crescimento de maturidade dão um salto gigantesco em apenas algumas semanas de operação.